Com apenas 24 anos, Marta Durán já viajou, à boleia, por mais países do que os dedos das mãos conseguem contar. Quase toda a Europa, Marrocos, Guiné-Bissau, Gâmbia, Índia, Indonésia… Para a jovem lisboeta, licenciada em Comunicação Social, as viagens são uma prioridade desde que, em 2014, foi a Moçambique através de um programa de voluntariado.

Este sábado, esteve no Mercado Municipal de Matosinhos para partilhar a sua experiência numa conversa com Tânia Muxima, integrada na programação do Festival de Cinema de Aventura.

Tânia Muxima e Marta Durán à conversa em Matosinhos.

Tânia Muxima e Marta Durán à conversa em Matosinhos. Foto: Miguel Oliveira/Festival do Cinema de Matosinhos

Tânia, também ela lisboeta, mas residente na Suíça, costuma viajar de bicicleta. É uma apaixonada por atividades radicais e praticou bodyboard durante muito tempo. Como tem a companheira de duas rodas, não anda tanto à boleia, mas quando precisa é o que faz. A experiência aconselha-a, contudo, a “esconder a bicicleta”, porque senão, explica entre risos, “ninguém para”.

“Não é só levantar o dedo”

Marta e Tânia concordam que não é fácil viajar à boleia: “não é só levantar o dedo e já está”, dizem. Por vezes, ficam muitas horas à espera. “É preciso muita paciência. Não sabes se vais arranjar boleia ou se vais chegar ao teu destino”, reforça Marta Durán.

Uma vez a bordo, Marta refere ainda que costuma ir à conversa e a contar a sua história de vida, até porque “não é normal ver uma mulher, sozinha, à boleia”. Partilha as suas aventuras e histórias e tem conversas sobre política, religião e cultura.

Porém, as viagens não se fazem todas à boleia. Os transportes públicos são uma opção sobretudo quando o cansaço aperta: “Quando estou demasiado cansada para falar e a contar a minha vida pela terceira ou quarta vez, prefiro ir de transportes, com os meus auscultadores e na minha”, conta Marta.

Em viagem, tentam economizar o mais possível, sobretudo na alimentação e no alojamento – optam por comida local, por fazer couch surfing ou dormir em acampamentos.

Tânia Muxima conta que há países que são “muito diferentes daquilo que vemos na internet”, e dá o exemplo do Irão, que é um país acolhedor onde teve dificuldades em “avançar pois toda a gente oferecia comida e dormida”.

Marta, cuja próxima viagem será justamente ao Irão, já deu palestras em escolas e gosta de incentivar os jovens a descobrirem a sua paixão. A dela está identificada: viajar, optar pela aventura no lugar da rotina.

O Festival de Cinema de Aventura regressa para o ano.

O Festival de Cinema de Aventura regressa para o ano de 10 a 13 de setembro. Foto: Jéssica Roque

E viajar exige assim tanto planeamento? Marta e Tânia dizem que não, pelo menos, no seu estilo de viagem. Planeiam os sítios que querem visitar, não reservam nada e partem para a aventura. Quando chegam ao destino, adaptam o plano e modificam-no sempre que necessário. Para elas, o imprevisto não é um filme.

O Festival de Cinema de Aventura, organizado pela agência de viagens de aventura Nomad e pela Câmara Municipal de Matosinhos, decorreu de quinta-feira a domingo, no interior e exterior do Mercado Municipal da cidade.

Pela primeira vez em formato de festival – realizou-se como mostra nos dois anos anteriores -, o certame incluiu no programa uma exposição, conversas, workshops, masterclasses, apresentações e, claro, a exibição de filmes.

Artigo editado por Filipa Silva