Confrontar o design contemporâneo, idealizado e realizado pela geração Millenial, com “as transformações sociais, tecnológicas, políticas e climáticas deste novo milénio”. É sobre esta base que assenta a Porto Design Biennale, cuja primeira edição arrancou esta quarta-feira na Galeria Municipal do Porto.

Sob o mote Post Millenium Tension, o programa da bienal contempla oito grandes exposições organizadas em três eixos programáticos: Present Tense (centrado no novo design português), Design Fórum (interseção ou conflito entre o Design, outras disciplinas e a sociedade) e Design and Democracy (próximo do contexto politico e como o design se relaciona com a própria democracia).

As propostas incluem ainda fóruns, instalações públicas, workshops e projetos de escolas, tendo sido convidadas a participar todas as instituições de ensino superior de design nacionais. O roteiro passa por vários locais como o Teatro Rivoli e o Palácio das Artes, no Porto, ou a Casa do Design e a Casa da Arquitetura, em Matosinhos.

José Bártolo é o curador-geral da Porto Design Biennale.

José Bártolo é o curador-geral da Porto Design Biennale. Foto: Paulo Sá Ferreira

Para José Bártolo, curador-geral da bienal, as propostas dos designers são “trabalhos especulativos, propostas utópicas realizáveis”, inseridas num “contexto plural”, privilegiando sempre uma “perspetiva local e internacional”. Vinte curadores nacionais e internacionais estão representados na bienal do Porto.

Itália é o país convidado desta primeira edição. Com três exposições e uma conferência, o programa preparado por Maria Milano, curadora convidada deste país, não pretende “endeusar o design italiano”, mas antes refletir sobre “o modo como os designers enfrentam a crise económica e social do país, a entrada de designers no mercado fora das grandes marcas tradicionais”.

Segundo o curador-geral do evento, são esperados 100 mil visitantes aos vários locais que acolhem a bienal. O orçamento foi de 1,4 milhões de euros, cofinanciados pelas duas autarquias envolvidas, 860 mil euros do Porto e 540 mil euros de Matosinhos.

A Porto Design Biennale é, no entender de Rui Moreira, uma revelação da “importância da prática do design” como um dos “aspetos mais significativos da cultura da região”. Presente na sessão de abertura do evento, o edil do Porto considera o importante “fator económico” traduzido na política de apoio ao design.

Luísa Salgueiro destacou o desenvolvimento científico levado a cabo pela ESAD-IDEA, sediada em Matosinhos. Para a presidente da autarquia matosinhense, a Porto Design Biennale é um ato de “afirmação internacional”.

Uma exposição de caráter universal

Anunciada há cerca de dois anos, “Millennials – Design do novo milénio”,  é a exposição âncora da Porto Design Biennale.

Comissariada por José Bártolo, esta é uma mostra do design português millenial, uma seleção de projetos que evedenciam a evolução da profissão, influenciada pelas problemáticas sociais, ambientais e económicas do mundo contemporâneo.

A exposição, que permanecerá na Galeria Municipal do Porto até 17 de novembro, está organizada em três núcleos. Em “Real World”, à entrada, a peça-chave é a universalidade.

A exposição "Millennials - Design do novo milénio” estará na Galeria Municipal do Porto até 17 de novembro.

A exposição “Millennials – Design do novo milénio” estará na Galeria Municipal do Porto até 17 de novembro. Foto: Paulo Sá Ferreira

Um kimono de várias cores, exposto de forma elevada e central, representa o caracter universal da declaração dos direitos humanos. Ao nível do olhar, e dispostas em forma de U, remetendo-nos para essa universalidade, está um conjunto de fotografias inspiradas no mesmo conceito.

De passo lento e olhar atento, descobrimos instalações que nos remetem para problemas como o lixo eletrónico. No projeto post print, viajamos entre o analógico e o digital. À vista, estão dispostos cartazes com frases de intervenção. Com a ajuda de uma aplicação, descobrimos um reverso da mensagem revelado com recurso à realidade aumentada.

Nesta exposição, encontramos ainda dispostas 96 bandeiras, representativas da paz, feitas por designers de um igual número de países, sublinhando o caráter universal e agregador da paz.

Os núcleos “Playground” e “Attraction” completam a exposição. A Porto Design Biennale decorre no Porto e em Matosinhos até ao dia 8 de dezembro.

Artigo editado por Filipa Silva