O cantor e compositor já abandonou o nome artístico em 2016, mas ainda não descolou de Chet Faker para se identificar perante o grande público. Não é por isso que o australiano deixa de arrastar milhares de fãs. Que o digam os muitos portugueses que há uma semana se deslocaram aos coliseus de Lisboa e do Porto para o ver ao vivo.

No Porto, a sala encheu para ouvir clássicos do artista (que acumula cinco EP e dois álbuns) e reflexos do seu novo trabalho de longa duração, saído em abril deste ano, sucessor do muito bem acolhido “Built on Glass”, de 2014.

Às 20h30, a fila já se prolongava por vários metros pela Rua de Passos Manuel, enchente que se manteve durante cerca de uma hora.

Meia-hora depois, subia ao palco Cleopold. O artista, também australiano mas radicado nos Estados Unidos, tem um EP – “Altitude & Oxygen” – de 2016, lançado pela Detail Records, editora fundada e detida por Murphy. A noite adivinhava-se cheia de boa energia. E assim foi. A eletrónica pop, com groove à mistura, de Cleopold ficou a animar o público enquanto a sala se ia preenchendo.

Cleopold abriu a noite no Coliseu.

Cleopold abriu a noite no Coliseu. Foto: Inês Arantes

A estrela da noite subiu ao palco pelas 22h00 e começou em grande – com uma das músicas mais bonitas do último álbum, “Hear It Now” – terminando-a com um “Olá” e relembrando às pessoas o seu nome verdadeiro: “My name is Nick Murphy”.

Para a segunda música, optou por um clássico, e foi logo aplaudido, mal o público percebeu o que aí vinha. “Gold”, do seu primeiro álbum de estúdio. Já havia várias pessoas a levantarem-se das cadeiras nas galerias, acompanhando o ritmo das que se encontravam na plateia em pé.

Muito do repertório do artista estava na ponta da língua dos fãs.

O australiano já tinha dado sete concertos em Portugal antes dos dois espetáculos deste ano. Foto: Inês Arantes

Mantendo o alinhamento sintonizado com o álbum de 2014, seguiu-se “1998”, uma música que conseguiu manter a boa disposição, tanto do auditório como do próprio artista, que dançava na parte dianteira do palco.

Contagiada a audiência com a boa energia do arranque, foi tempo de voltar ao novo álbum, “Run Fast Sleep Naked”, para libertar “Harry Takes Drugs On The Weekend” e com ela a incrível voz de Murphy, funda, forte, a dominar a sala.

Seguiram-se “The Trouble With Us” e “Birthday Card”, do EP “Work” (2015), que mantiveram o público a vibrar com o ritmo forte e contagiante.

A “Yeah I Care”, já do novo álbum, susteve o ritmo e terminou com um “Obrigado”. Por contraste, a “I’m Into You”, tocada apenas ao piano, foi um momento mais calmo, mas lindíssimo. A música do primeiro EP de Murphy, “Thinking in Textures”, de 2012, foi acompanhada fielmente pelos fãs.

Nick Murphy variou entre a guitarra e piano, num registo sempre intenso.

Nick Murphy variou entre a guitarra e os teclados, num registo sempre intenso. Foto: Inês Arantes

Avançando sete anos na sua discografia, mas não mudando o clima, “Believe (Me)” marcou a noite, com Murphy ainda sentado ao piano. Seguiu-se “Novacaine and Coca Cola”, igualmente do novo álbum, que renovou, um pouco, o ambiente ritmado.

A fechar, “Talk is Cheap”, outro clássico do álbum de 2014, foi logo aplaudida pelo auditório. No fim, agradeceu e saiu. Mas toda a gente sabia que iria voltar. Nem que fosse por Murphy ainda não ter apresentado as duas músicas mais conhecidas do novo álbum. E foi o que tocou quando regressou.

No meio de agradecimentos em português, o encore foi marcado pelo ambiente e luzes vermelhas de “Dangerous” e o sentimento de ser a última da noite proporcionado por “Sanity”.

Após quase hora e meia, Murphy saiu de vez, acompanhado por aplausos fervorosos, com a esperança dos fãs de que volte já no próximo ano.

Artigo editado por Filipa Silva