Katty Xiomara encerrou esta quarta-feira o primeiro dia de Portugal Fashion, no hotel Tipografia do Conto, no Porto, com “After Now”. Uma coleção composta por 16 peças multifuncionais, que a artista foi conjugando. No total, apresentou 42 coordenados.

A nova coleção reflete sobre a essência feminina, mostra preocupação pelo meio ambiente e prima pelo ecodesign: “Tivemos o cuidado de usar peças das coleções anteriores e não colocar fechos”, apontou em entrevista à margem do desfile.

O uso de algodões orgânicos, sedas e polyester reciclados têm sido utilizados com mais frequência pela criadora, que procura em cada peça usar vários materiais.  Embora se ligue o ecodesign a “uma visão de quase tudo muito bege, tudo muito natural”, os estampados e cores vivas continuam a fazer parte das suas criações: “nós utilizamos de facto muita cor e utilizamos muitos tecidos, portanto, essa identidade nós quisemos mantê-la”, explicou.

Este ano a coleção conta com básicos, “perfeitamente usável no dia a dia, embora haja alguns mais especiais, como t-shirts, capa zero waist”, muitas das peças são blocos de cor, com uma matéria-prima, o que não é muito comum na sua marca.

A noite serviu também para apresentar o seu livro, “Reflexo”. Katty Xiomara descreve-o como um “Guia do bem Investir” e pretende levar a “pensar naquilo que se compra” antes de o fazer por impulso.

Segundo a autora, o livro pretende contrariar a ideia que temos de não poder repetir roupa e apela a que lhe demos uma nova vida: “vocês abrem o armário e devem ter muito ‘lixo’, imaginem eu que tenho quase 20 anos a fazer coleções e por norma não faço só uma coleção, faço em triplicado, porque tenho de enviar para o agente de Milão, do Japão e isto tudo só é devolvido um ano depois, são coisas que ficam paradas, estacionadas, que se vão acumulando, acumulando e é difícil de gerir (…) a ideia foi dar uma nova vida às peças”, afirmou.

Foi com esta convicção que Katty Xiomara abraçou “Vintage for a cause”, um projeto que leva às mulheres acima dos 50 anos conhecimentos de costura, mas também as ajuda a “fazerem upcycling dos armários delas”. A reutilização criativa pode ser feita de várias formas. Neste caso, recolhem “essencialmente tecidos de stock de fábricas” para fazerem “peças mais básicas, mais intemporais, que depois são vendidas sobre a marca ‘Vintage for a cause’”, explica.

Katty Xiomara Foto: Pedro Andrade Cruz

A par disto, a designer de moda fala também da sua politica de slow fashion: “Não fomentamos muito o see now buy now, porque para fazer isso temos de ter um stock muito grande. Fomentamos sim a pré-venda, onde as pessoas podem pré-encomendar e esperar por aquilo que querem”.

A 45ª edição do Portugal Fashion continua até sábado com mais nomes da moda portuguesa.

Artigo editado por Filipa Silva