Para muitas meninas, um vestido é muito mais do que uma peça de roupa. Significa proteção, dá esperança. Para as destinatárias da Dress a Girl Around the World, significa muito mais. Provavelmente, o vestido que recebem é a primeira roupa nova das suas vidas.

O projeto nasceu em 2009 nos Estados Unidos da América e foi trazido para Portugal em 2016 pelas mãos de Vanessa Campos. Na direção da Dress a Girl, acompanham-na Ana Bragança e Joana Garcia, que falou com o JPN acerca da organização.

Muitas das crianças ajudadas pela Dress a Girl nunca vestiram roupa nova. Foto: Dress a Girl Portugal

A Dress a Girl não ajuda só as crianças. A costura solidária chega a ser “uma terapia ocupacional” para muitos dos participantes. Joana Garcia defende que o projeto devolve um “sentido de utilidade” aos voluntários, ao mesmo tempo que promove convívio e “encontros intergeracionais”.

Apesar de recente, a organização portuguesa já revela resultados favoráveis: até agora, mais de 50 mil peças de roupa foram entregues a crianças espalhadas por 28 países nos cinco continentes”. E este número continua a crescer. “Não existe meta, existe sim o desejo de levar vestidos e calções ao maior número possível [de crianças]”, diz Joana.

A maior parte dos vestidos e calções segue para os PALOP. Países como Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau já receberam mais de 44 mil vestidos desde o início do projeto.

Quanto às entregas, podem ser feitas de três formas: através de missões próprias da Dress a Girl, da iniciativa de voluntários que vão passar férias aos locais de entrega ou ainda por malas solidárias. Joana Garcia explica: “É uma mala que um voluntário se propõe a levar pagando o que tiver que ser por ela e entrega à nossa representante no local.”

A logística “não é fácil” e traz “muitas dificuldades”, mas o projeto compensa. “Todos os dias recebo mais do que dou”, afirma a diretora.

Existem ateliês associados à Dress a Girl um pouco por todo o país. No Grande Porto, o estabelecimento que cede o seu espaço ao projeto é a Etú Retrosaria e Sirgaria, de Matosinhos. A responsável pelo atelier, Marisa Rego, conta ao JPN que conheceu o projeto através de algumas clientes. “Eram voluntárias e vieram comprar tecidos. Falaram-me do projeto e entrei logo em contacto com as diretoras”, explica.

Na Étú, já existem voluntárias assíduas. Foto: Étú Retrosaria e Sirgaria

A retrosaria abre as portas uma vez por mês para acolher o projeto. Para Marisa, esta é a sua “maneira de ajudar o próximo”. Dá as linhas, os tecidos e o espaço. Aos voluntários, basta aparecer. As sessões de costura contam com um “ambiente ótimo”, cheio de companheirismo – “é de encher o coração”, afirma.

Quem se quiser juntar às sessões da Étú, poderá fazê-lo já esta semana. A próxima sessão de costura solidária será esta sexta-feira a partir das 14h30. “Apareçam, nem que seja só para passar a ferro”, convida Marisa.

A Dress a Girl Portugal depende totalmente de apoio voluntário. O projeto aceita doações de tecidos, materiais de costura ou roupa interior infantil. Para ajudar na elaboração dos vestidos, é possível fazê-los particularmente ou através dos ateliers associados à organização.

Artigo editado por Filipa Silva