A reabilitação do Mercado de São Sebastião, na freguesia da Sé do Porto, está mais perto da concretização. Ainda não há uma data definitiva para o início da obra, mas a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) já emitiu, na semana passada, um parecer favorável ao projeto. Antes da empreitada avançar será ainda necessário um concurso público para a adjudicação da obra.

Estava previsto que o mercado fosse reabilitado até ao final do primeiro trimestre do ano passado. Contudo, faltava o aval da DRCN, necessário uma vez que a infraestrutura está incluída num espaço que é património classificado.

Uma vez aberto o concurso público para encontrar a empresa que se vai encarregar da intervenção, serão necessários dois a três meses para executar a obra, garantiu ao JPN o presidente da União de Freguesias do Centro Histórico (Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória), António Fonseca.

O autarca reuniu esta quarta-feira (22) com engenheiros e arquitetos e assegura estarem, agora, reunidas as condições para a requalificação do mercado avançar.

O projeto prevê incluir naquele espaço uma zona de frescos, uma cafetaria, três casas de banho, uma área de comércio (artesanato, livrarias, alfarrabistas, floristas, entre outros), uma de restauração e uma esplanada no patamar exterior que terá ligação ao interior. Além disso, a atuais grades que preenchem o edifício e não o protegem nem do frio nem da chuva serão substituídas por janelas de vidro e de ferro.

Potencializar” é uma das palavras de ordem para aquele mercado, que António Fonseca quer tornar num “cartão de visita da Sé e do Centro Histórico do Porto.”

Neste momento, a um mercado degradado e que funciona a meio gás (apenas durante a manhã), junta-se uma envolvência onde o consumo de substâncias ilícitas é latente. O autarca prevê que a intervenção irá mitigar o problema e “higienizar o espaço e também vai trazer mais segurança aos moradores e turistas”.

Quem por ali passa, muitas vezes não sabe da existência de um mercado. Poucos entram e os que entram, não compram, explica António Fonseca.

As vendedoras – cerca de uma dezena, segundo o dirigente – não terão que abandonar as bancas durante as obras e as rendas também se vão manter (20 euros por mês).

Anos de espera

Após a confirmação do parecer favorável emitido pela DRCN, o JPN visitou o espaço, na manhã desta segunda-feira (20), dia em que estava fechado. Por essa razão, não havia comerciantes ao serviço, mas Maria Vitória, conhecida como Maria “Comunista”, estava por lá a preparar o dia de trabalho seguinte.

Há muito que a vendedora de fruta e legumes denuncia a necessidade de obras e “o problema das drogas”. No mercado desde o 25 de Abril de 1974, a locatária aponta a falta que uma casa de banho faz e também se queixa do frio e chuva que entram pela falta de proteção nas janelas. “Isto já está prometido há muito tempo, mas nunca mais ninguém soube de nada”, lamenta a comerciante.

A União de Freguesias vai destinar 75 mil euros para a reabilitação do mercado, financiados pelo Orçamento Colaborativo de 2019 da Câmara do Porto.