Já se sabia que a possibilidade da concessão a privados do Coliseu do Porto estava em cima da mesa. Agora, o presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), Rui Moreira, mostra-se aberto a outras soluções. Uma das avançadas na reunião do executivo municipal desta segunda-feira foi recorrer ao crowdfunding.

Com um custo estimado em 8,5 milhões de euros, as obras são incomportáveis para a Associação dos Amigos do Coliseu e dada a natureza privada da Associação, a autarquia também não as pode financiar, alegou o autarca.

“Nada disto impede que as pessoas se organizem. Se houver a possibilidade de fazer um crowdfunding para isto, se quiserem criar na Associação uma quota especial para fazer as obras, ótimo”, disse o edil.

Do que a CMP parece estar certa é de que a solução não vai passar pelo poder central: “Sabemos que o Estado não vai participar, porque há muitos investimentos públicos que são necessários e não vai desviar fundos para investimentos privados”, acrescentou ainda Rui Moreira.

O presidente da CMP reforçou a urgência da intervenção no edifício: “não posso é ser confrontado permanentemente pela direção do Coliseu a dizer que aquilo qualquer dia cai“, disse aos vereadores presentes.

Foi Ilda Figueiredo quem trouxe a questão das obras no edifício à discussão. A vereadora da CDU defende a “mobilização da Câmara no seu todo e também da própria cidade na exigência ao poder central dos investimentos necessários para a reabilitação” do Coliseu, sublinhando que se devem “esgotar todas as possibilidades” antes de se avançar com a concessão.

A autarquia afirma que se viu impedida de usar fundos comunitários do programa Portugal 2020 para a restauração do edifício. “Admitiu-se uma hipótese, que seria um contrato de trespasse da Associação à Câmara Municipal do Porto, que enquanto inquilino e mantendo lá a associação a funcionar, podia candidatar-se aos fundos”, explicou Rui Moreira. Não tendo resultado a solução, levantou-se a possibilidade da concessão privada.

Manuel Pizarro manifestou descontentamento com a notícia, exigindo também “mais transparência” para se saber quais são os “projetos culturais mais relevantes que a reabilitação do Coliseu do Porto” no norte do país. O vereador do PS terminou reafirmando que a concessão é uma solução que “pode e deve ser estudada”.

Se for a solução adotada, o concessionário será obrigado, de acordo com a autarquia, a manter os empregos dos atuais trabalhadores da Associação dos Amigos do Coliseu, a garantir que a Associação tem espaço para promover atividades e a assegurar o compromisso com o Ministério da Cultura de acolher espetáculos de ópera.

Ainda sem data está a Assembleia Geral da Associação de Amigos do Coliseu no âmbito da qual serão discutidas as alternativas possíveis para reabilitar o equipamento cultural inaugurado em 1941.

Artigo editado por Filipa Silva