O presidente do conselho de administração do Teatro Nacional São João (TNSJ), Pedro Sobrado, anunciou esta, terça-feira, que o projeto de reabilitação do teatro foi aprovado, já tem calendário e vai avançar em 2021. O anúncio foi feito durante a apresentação do programa comemorativo do centenário que o TNSJ celebra este ano.

A operação envolve com um investimento de 2,3 milhões de euros dos quais 1,5 milhões serão dedicados às obras de remodelação do teatro, cofinanciadas a 85% por fundos comunitários.

Para Pedro Sobrado, este é “o maior investimento extraordinário que o São João conseguiu captar desde que foi fundado estatutariamente”.

O presidente do conselho de administração adianta ainda que esta é uma verba que vai permitir reabilitar, preparar e modernizar o São João “por mais três décadas” e que em 2021 “estaremos sobre outras luzes e outras tábuas”.


Mais espectadores em 2019
Em 2019, o TNSJ recebeu 59.258 espectadores nos espetáculos que apresentou, mais do que no ano anterior. A média de ocupação da sala foi de 75%. A administração do TNSJ espera subir esta percentagem para os 78% em 2020.

Para a realização das obras, o teatro vai fechar entre o dia 1 de abril e 30 de setembro de 2021. Durante este período os espetáculos serão exibidos no Teatro Carlos Alberto e andarão em digressão pelo país.

As obras, a realizar no quadro das comemorações do centenário, visam sobretudo os elementos arquitetónicos como a recuperação de tetos, paredes e pavimentos em zonas públicas e administrativas, mas também dizem respeito a reabilitações na mecânica de cena e a substituição dos sistemas de equipamentos elétricos.

O TNSJ vai também passar por uma renovação comunicacional e no seu regresso contará com uma nova identidade visual e corporativa.

Para além das remodelações, o investimento, com origem no programa Norte2020, destina-se também a reforçar a programação comemorativa do centenário do TNSJ.

Nesse âmbito, o teatro decidiu optar por um elenco “quase” residente, ou seja, um núcleo de atores contratado à temporada ou anualmente. A companhia “quase” residente é composta por seis atores – Afonso Santos, Joana Carvalho, João Melo, Maria Leite, Mário Santos e Rodrigo Santos -, estreia em março e está a trabalhar com o TNSJ de forma permanente em projetos de produção própria, podendo participar também em coproduções e visitas guiadas a escolas.

“Turismo Infinito” regressa a 7 de março

Apesar da data oficial do centenário ser dia 7 de março, as atividades arrancam a dia 5 do mesmo mês, em Aveiro, com a estreia da peça “Castro” de António Ferreira. Trata-se de uma produção própria encenada pelo diretor artístico do TNSJ, Nuno Cardoso, que vai poder contar com o elenco “quase residente” no Teatro Aveirense, seguindo depois numa digressão pelo país e que regressará ao Porto no Dia Mundial do Teatro, dia 27 de março.

A 7 de março, o TNSJ organiza um programa comemorativo intensivo que abrange os três espaços por si geridos, incluindo o Teatro Carlos Alberto (TeCA) e o Mosteiro de São Bento da Vitória.

Neste contexto de celebração, a peça “Turismo Infinito” de António M. Feijó encenada por Ricardo Pais, considerado como o “pai fundador” do projeto artístico do TNSJ, regressa ao palco onde se estreou em 2007. É a partir de textos de Fernando Pessoa, com João Reis no elenco, que a peça é apresentada dia 7 de março, às 22h00, no TNSJ.

A estreia quase simultânea das duas peças em duas cidades diferentes – Aveiro e Porto – cumpre um “desígnio” do TNSJ, “uma casa do Porto, inscrita no Porto” que é também “uma casa do país”, como explicou Nuno Cardoso.

Já para abril, está programada a pré-apresentação da peça “KastroKriola” (dia 25) no Teatro Nacional São João, uma peça de Caplan Neves inspirada em “Castro” de António Ferreira e encenada por Nuno Cardoso. Uma peça adaptada que contará com a participação de atores cabo-verdianos que materializa em várias vertentes os pressupostos do acordo de cooperação celebrado entre o teatro e este país em setembro do 2019. Após o showcase no Porto a peça estreia oficialmente dia 5 de julho em Cabo Verde, a propósito do Dia da Independência do país.

Para além de obras nacionais e no seguimento da celebração do centenário, o Teatro Nacional São João vai acolher várias produções internacionais de relevo. Em 30 espetáculos programados até julho, oito chegam do exterior através de um programa intitulado “O Olhar de Ullisses”. Esta iniciativa tem como objetivo ser plural e inclusiva, dando um palco privilegiado a criadores de linguagens distintas. Uma das obras da iniciativa é a peça The Scarlet Letter, a partir do livro de Nathaniel Hawthorne, numa encenação espanhola de Angélica Liddell e que poderá ser vista nos dias 13 e 14 de março, no TNSJ.  

Artigo editado por Filipa Silva