Virada a página das meias-finais da Taça de Portugal, um novo capítulo começa agora a escrever-se na histórica rivalidade entre azuis e encarnados. Dos 6-2 em 58, à final das Antas de 83, são muitas as histórias da final mais repetida na Taça de Portugal, que não juntava águias e dragões há mais de uma década.
Futebol Clube do Porto e Sport Lisboa e Benfica vão encontrar-se pela décima vez na final da Taça de Portugal, depois de os dois gigantes do futebol nacional terem ultrapassado nas meias-finais da prova, Académico de Viseu e Famalicão, respetivamente.
A final da prova, marcada para o dia 24 de maio no Estádio do Jamor, vai ser o primeiro encontro nos últimos 16 anos entre os rivais em finais da Taça. A última presença do Benfica na final da competição foi em 2017, num triunfo frente ao Vitória de Guimarães. O FC Porto por seu lado repete a final do ano passado, na qual perdeu frente ao Sporting CP.
Os títulos conquistados, as finais perdidas
O Benfica venceu 26 das 37 finais disputadas na competição, enquanto que o palmarés do FC Porto é de 16 vitórias em 31 finais da Taça de Portugal. Os dragões, no entanto, não ganham o “caneco” desde 2011.
O Benfica-FC Porto é a final mais repetida da Taça de Portugal – já aconteceu em nove ocasiões, com um claro ascendente dos encarnados que venceram em oito dos jogos.
O primeiro “clássico” entre os rivais deu-se no longínquo ano de 1953, com vitória expressiva do Benfica por 5-0. Os históricos Arsénio Duarte (com três golos), Rogério Pipi e José Águas assinaram os golos que deram o triunfo das águias frente ao FC Porto.
Em 1958, o FC Porto venceu a final com um golo de Hernâni, jogador que faria praticamente toda a sua carreira de dragão ao peito. A competição entre dois “grandes” de Portugal, repetiu-se no ano seguinte com nova vitória do Benfica, graças a um tento solitário de Cávem, outro histórico do clube, com mais de 400 jogos e 100 golos marcados pelas águias.
Com Mário Coluna, Eusébio, Torres, José Augusto e Simões, o Benfica de 64 foi imbatível. A vitória por 6-2 ditou o resultado mais expressivo em finais entre os dois rivais.
A estranha final das Antas
A década de 80 foi pródiga em finais da Taça entre FC Porto e Benfica: quatro jogos nos primeiros cinco anos, com vitória das águias em 80, 81, 83 e 85, cimentaram o Benfica como dominador dos clássicos da Taça.
O Jamor não foi o único palco a receber a final da prova. Por cinco vezes, o jogo decisivo realizou-se no Estádio das Antas. Mas foi uma final em particular que ficou na memória futebolística: a final de 1983, que reavivou a rivalidade entre FC Porto e Benfica.
No começo dessa época, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decidiu marcar a final para o Estádio das Antas. Contudo, jogadas as meias-finais, os dois clubes apuraram-se para a final da Taça e a FPF decidiu alterar o jogo das Antas para o Jamor.
A decisão não foi pacífica e causou protestos entre os portistas, que em Assembleia Geral decidiram não comparecer ao jogo, caso a Federação mantivesse o Estádio Nacional como palco da final. Com o fim da época à porta, o Benfica recusou jogar a final em Coimbra e os jogadores encarnados partiram para férias. Num volte-face, protagonizado por Sven Goran Erickson, o Benfica aceita a final nas Antas a 21 de agosto, uma semana antes do início do campeonato seguinte. Nesse dia, Carlos Manuel, com um remate forte e longe da baliza, dá a Taça ao Benfica em pleno terreno do rival.
Foi preciso esperar quase vinte anos para assistirmos a nova “batalha” entre Porto e Benfica em finais da Taça. O ano vintage do futebol português, 2004, foi o ano em que o FC Porto venceu a Liga dos Campeões e Portugal organizou o Europeu de Futebol. Crescia no banco do Porto a figura mítica de José Mourinho, mas a final de 16 de maio, deu mais uma vitória ao Benfica por 2-1, conquista que colocava fim a um jejum de títulos de oito anos da equipa da Luz.
Volvidos 16 anos sobre o último encontro entre FC Porto e Benfica em finais da Taça, dois treinadores procuram agora a primeira conquista na competição.
O técnico do Benfica, Bruno Lage, estreia-se no banco do Jamor para uma final, depois de na época passada ter perdido as meias-finais contra o Sporting CP. Do lado do FC Porto, Sérgio Conceição, que venceu, ao serviço do clube, como jogador, uma Taça de Portugal em 1998, vai estar presente como treinador, na sua terceira final, à procura de alcançar a primeira vitória na competição, depois de ter perdido a final de 2015 frente ao SC Braga e de, no ano passado, o Sporting ter sido mais forte na final do Jamor.
Artigo editado por Filipa Silva
