Itália assiste a um grande aumento de casos positivos do novo coronavírus, tendo já seis mortes confirmadas. O surto concentra-se na região da Lombardia, no norte do país (onde morreram cinco das seis vítimas). Itália passa a ser o terceiro país com mais casos detetados de coronavírus e levanta preocupações ao nível europeu.

A Comissão Europeia anunciou esta segunda-feira que vai disponibilizar 232 milhões de euros, para o combate global ao coronavírus. Com o agravamento da situação em Itália, o órgão executivo da União Europeia solicitou ao Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) uma reavaliação de risco, adiantou a Lusa.

Os comissários europeus da Saúde e da Gestão de Crises, Stella Kyriakides e Janez Lenarcic, respetivamente, sublinharam a necessidade e importância de uma ação concertada entre os estados-membros da União Europeia (UE) e a comunidade internacional. Em conferência de imprensa, afirmaram que “prevenir a propagação do novo coronavírus” continua a ser a “principal prioridade”, numa fase em que o novo Covid-19 já afetou 29 países.

Possível encerramento do Espaço Schengen

Sobre possíveis restrições à livre circulação dentro do espaço Schengen, com a reinstalação de controlos fronteiriços, os comissários decretaram a responsabilidade nos estados-membros. Os países devem seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (CEPCD), sem “especular”.

No domingo (23), a Áustria interrompeu momentaneamente as ligações ferroviárias com Itália, depois de se terem detetado casos suspeitos num comboio, na fronteira do Tirol.

Agravamento da situação em Itália

Durante o fim de semana, o panorama alterou-se de forma drástica em Itália. Na sexta-feira (21), havia o registo de três pessoas infetadas com o vírus, que tinham regressado da cidade chinesa de Wuhan (onde o surto teve início). Entretanto, já morreram seis pessoas, de acordo com a agência italiana, a Ansa, e o número de infetados com o Covid-19 sobiu para mais de 200.

Itália é já o terceiro país com mais casos registados de coronavírus, depois da China e da Coreia do Sul. Na tentativa de travar o avanço do surto no país, as autoridades italianas têm adotado algumas medidas, como “quarentenas”, nas regiões de Véneto e Lombardia, no norte de Itália. O Carnaval de Veneza acabou dois dias mais cedo e quatro jogos de futebol da primeira divisão italiana foram adiados.

De impacto local, foram anunciadas medidas de contenção para dez localidades, onde vivem cerca de 50 mil pessoas: Casalpusterlengo, Codogno, Castiglione d’Adda, Fombio, Maleo, Somaglia, Bertonico, Terranova dei Passerini, Castelgerundo e San Fiorano. 

Primeiro português infetado transferido amanhã

No domingo (23), as autoridades japonesas confirmaram que Adriano Maranhão, canalizador no navio Diamond Princess, está infetado com o vírus, após resultado positivo no teste. Depois de ter piorado durante a noite, o cidadão da Nazaré já foi visto e medicado pelo médico do barco, mas continua retido numa cabine do navio, como contou, esta segunda-feira, a esposa Emmanuelle Maranhão à Lusa.

Entretanto, à RTP, o português adiantou, ao final da manhã, que vai ser transferido para um hospital japonês já nesta terça-feira (25). Adriano Maranhão dá conta de mais “64 pessoas em isolamento com teste positivo”, de acordo com informações do comandante do navio.

Adriano Marinhão é já o décimo terceiro caso suspeito – o único confirmado – de coronavírus, entre cidadãos portugueses. Os 12 casos anteriores foram negativos.

Detetado na China, em dezembro do ano passado, o novo coronavírus já causou mais de 2.500 mortos. Nesta madrugada, as autoridades chinesas confirmam mais 150 mortes na China continental. Apenas uma pessoa vivia fora da região de Hubei, o epicentro da epidemia. Apesar do número de mortos ter aumentado nas últimas 48 horas, o número de novos contágios diários desceu. São já 78 mil as pessoas infetadas, ao nível mundial.

Artigo editado por Filipa Silva