Na próxima semana, de 2 a 6 de março, vai decorrer na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto o primeiro Encontro Feminista da FAUP. Com esta iniciativa, o Núcleo Feminista da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP) pretende iniciar uma discussão sobre o impacto do género e do feminismo no ramo da arquitetura e do urbanismo.

Chlóe Darmon, do Núcleo Feminista da FAUP, explica ao JPN que a ideia de organizar este encontro surgiu da necessidade de cruzar o feminismo com a arquitetura. “Achámos importante discutir este tipo de questões em arquitetura”, afirma.

Para “criar um encontro completo” definiu-se, então, que a iniciativa duraria cinco dias. Assim, durante a próxima semana vai ser possível explorar o papel das mulheres e do pensamento feminista, nesta área.

Na antecâmara do Dia Internacional da Mulher e da marcha feminista internacional de 8 de março, o encontro debruça-se sobre problemáticas como “o machismo no meio académico (em particular na arquitetura), as desigualdades no trabalho, a historiografia feminista da arquitetura”, entre outros aspetos, como refere o texto de apresentação do evento.

Para Natália Fávero, também integrante do Núcleo Feminista da FAUP, iniciativas como esta nascem de um sentimento de “discriminação direcionada para as mulheres” naquela que “sempre foi uma profissão exercida por homens”. A estudante e ativista destaca a ausência das mulheres nos planos curriculares: “a forma como a história da arquitetura foi escrita anula toda a participação de arquitetas, a não ser que tenham sido casadas com arquitetos – que, esses sim, nós damos nas aulas”.

“A nossa profissão ainda sofre muitas discriminações relacionadas com as disparidades salariais e com as licenças de maternidade das mulheres”, ressalva Natália Fávero, ao JPN. Além disso, considera Chlóe Darmon, “[em arquitetura] há uma coisa bastante grave, que é o assédio sexual e o assédio moral.”

O evento vai abordar, ainda, vivências de mulheres na profissão e no espaço público, com o testemunho de arquitetas convidadas para uma mesa redonda, moderada por Raquel Pelayo, que vai acontecer na terça-feira. Entre as participantes estão Isa Rusconi (Mulheres na Arquitectura), Patrícia Pedrosa (W.ARCH.pt), Rita Duarte (M.T.A. – Movimento dos Trabalhadores em Arquitetura), Catarina Ruivo (M.T.A.) e Carolina Leite (Atelier Krafna).

Na quarta-feira, vai ser possível assistir a um ciclo de cinema com a projeção do documentário brasileiro “Chega de Fiu Fiu” – uma abordagem ao assédio no espaço público, relacionada com o urbanismo feminista – e do filme “Travessias”. No final, é promovido um debate informal sobre os temas visionados.

Por último, a organização deixa o convite para uma feira de merchandise do Núcleo e da Rede8Março (como ilustrações feministas) e para um jantar e convívio feminista na Filó. Nesta última celebração espera-se alguma reflexão e discussão informais sobre o encontro.

O programa do Encontro Feminista da FAUP desenrola-se, então, da seguinte forma:

  • Dia 02 , 14h30, FAUP – Lançamento
  • Dia 03, 21h30, Casa Comum (Reitoria) – Arquitetas, Mulheres na profissão | Mesa Redonda
  • Dia 04, 14h30, Casa Comum (Reitoria) – Mulheres no espaço público | Ciclo de Cinema
  • Dia 05, Hora de Almoço, FAUP – Feirinha FAUP
  • Dia 06, 21h, Filó (Praça da Alegria 91, Porto) – Jantar Feminista na Filó