Faltam menos de dois meses para a Queima das Fitas do Porto e o Governo prevê, de acordo com o semanário “Expresso”, que o pico do novo coronavírus seja atingido em maio. O que nos leva à questão: vai haver semana académica este ano?

A resposta não é fácil de obter com a escalada exponencial do novo coronavírus a cada dia que passa em Portugal. Como tal, o JPN foi consultar a Federação Académica do Porto (FAP), que organiza as noites do Queimódromo, e o Conselho de Veteranos da Academia do Porto, responsável pelas atividades praxísticas, como o cortejo e a serenata.

Em declarações ao JPN, Marcos Alves Teixeira, presidente da FAP, assegura que a organização das noites da Queima de 2020 se mantém a decorrer “com normalidade”, apesar da previsão do Governo.

O presidente da FAP não nega a possibilidade do evento ser cancelado, mas confirma que, para já, estão a “colaborar com as autoridades” para avaliar a situação da Queima – que normalmente junta mais de 200 mil estudantes no Queimódromo ao longo de uma semana.

O destino das noites da Queima das Fitas é, assim, incerto. Por enquanto, há a certeza de que, a partir de quarta-feira, o espaço do Queimódromo será palco de rastreios, e não de concertos. Segundo um comunicado emitido pela Câmara Municipal do Porto (CMP) esta segunda-feira, o espaço onde habitualmente decorrem as noites da Queima das Fitas passará, por tempo indeterminado, a atuar como “um local dedicado à colheita de amostras para rastreio da doença [COVID-19]”.

A utilização do espaço do Queimódromo permitirá, então, “testar doentes fora de meio hospitalar, em condições de conforto e segurança coletiva e aliviar o afluxo de potencias suspeitos portadores aos hospitais”.

“Tudo em aberto” quanto ao cortejo e serenata

Américo Martins, dux veteranorum do Conselho de Veteranos da Academia do Porto – o Magnum Consilium Veteranorum – reforça ao JPN que “ainda está tudo em aberto” relativamente à realização do Cortejo Académico e da Serenata Monumental – dois grandes acontecimentos da semana académica que juntam milhares de pessoas pela Baixa do Porto, sendo que só o Cortejo conta com cerca 500 mil participantes todos os anos.

O dux veteranorum, que na semana passada suspendeu a praxe, afirma, ainda, que, até à data, a CMP ainda não se pronunciou junto do Conselho de Veteranos da Academia do Porto sobre estes possíveis ajuntamentos na via pública. O responsável máximo da hierarquia da praxe no Porto garante que a decisão de cancelar ou adiar estes eventos ainda não pode ser tomada, mas que irá “acompanhar as indicações das autoridades de saúde, sempre no sentido de precaver a propagação do vírus”.

No país, já há uma semana académica adiada devido à Covid-19, a da Covilhã, que deveria decorrer de 25 a 28 de março. Se a pandemia do novo coronavírus não o impedir, a Queima das Fitas do Porto de 2020 irá prosseguir como planeado, de 3 a 10 de maio no Queimódromo do Porto.

Artigo editado por Filipa Silva