Com o fim das aulas e atividades presenciais na Universidade do Porto (UP) e o isolamento social da maioria da população, é preciso arranjar forma de fazer a informação e o entretenimento chegar a casa de cada um. Assim surgiu o “Corona And…”, a nova plataforma criada pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina do Universidade do Porto (AEFMUP), que reúne dicas de estudo, informações, conselhos de exercício físico para se fazer em casa e sugestões de lazer.

A plataforma divide-se em oito secções, todas elas com o nome “Corona And…” seguido das opções Health (saúde), Work (trabalho), Study (estudos), Science (ciência), Travel (viagem), Sports (desporto), Culture (cultura) e Chill (relaxamento). Desde artigos científicos sobre o vírus a torneios de FIFA online, há um pouco de tudo o que ajude à proximidade virtual.

Numa nota de imprensa, o presidente da AEFMUP, Nuno Ferreira, sublinha que “numa altura difícil para todos” é “uma questão de saúde mental” fazer com que os estudantes “sintam que é possível manter a rotina, mesmo dentro de casa”.

O papel dos estudantes na luta contra o coronavírus

Esta iniciativa da FMUP surge depois de 100 alunos finalistas do Mestrado Integrado de Medicina da Universidade do Algarve terem reforçado a linha SNS 24, que está a ter dificuldades de resposta desde que o surto do covid-19 chegou a Portugal. Dada a pressão que o vírus está a colocar no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o apoio dos estudantes de Medicina está a ser incentivado.

Mar Mateus da Costa preside a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) que funciona como uma federação e atualmente conta com oito núcelos e associações de estudantes (AE) como associados – mas está sempre disponível “para dar resposta aos estudantes que a procuram diretamente. Entre as AE que integram o projeto estão a AEFMUP e a Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (AEICBAS), ”.

“Os estudantes de Medicina da Universidade do Algarve têm algumas particularidades. Sendo o concurso exclusivo para detentores do grau de licenciatura numa área das ciências da natureza, ciências da saúde ou ciências exatas, a grande maioria dos estudantes são, a priori, profissionais de saúde”, explica Mar Mateus da Costa ao JPN. Esta particularidade da Universidade do Algarve “facilitou a articulação” com as “entidades competentes”.

Mas a verdade é que o Ministério da Saúde está aberto a mais ajuda, com o alargamento do “formulário de inscrição de voluntários para reforço do apoio em telessaúde para estudantes de Medicina e de Enfermagem”. “Paralelamente, neste momento, algumas Escolas Médicas, Centros Hospitalares e Associações de Estudantes estão a cooperar no sentido de apurar a melhor forma de integrar os estudantes daquelas instituições de ensino nas instituições prestadoras de cuidados de saúde, dentro daquelas que são as limitações dos próprios estudantes”, explica a presidente da ANEM.

O apoio pode ser dado de várias formas, seja através do reforço da telessaúde, “que pode consistir em diversas funções desde triagem, aconselhamento, apoio logístico, etc.”, seja no trabalho nos hospitais. “Neste campo específico, estudantes de anos mais avançados podem ser capazes de auxiliar as equipas clínicas, libertando-as de algumas tarefas mais simples. Isto pode permitir que estas se foquem nas situações mais sérias e evitar a sobrecarga dos profissionais”, esclarece.

Contudo, é natural que nem todos os aproximadamente 12.500 estudantes de Medicina em Portugal já estejam prontos para ajudar. “Os estudantes são justamente isso – estudantes – e não profissionais de saúde. Isso significa que a sua prática clínica, por exemplo nos estágios, exige a tutela de um médico. Neste sentido, as questões de responsabilidade civil têm de ser acauteladas”, começa Mar Mateus da Costa.

Desta forma, estudantes dos “anos clínicos”, ou seja dos anos finais dos cursos, têm uma maior preparação, dado que “já adquiriram mais experiência em meio hospitalar, compreendendo melhor os circuitos e modelos de trabalho, mas também uma maior competência técnico-científica”. “Contudo, isso não lhes confere autonomia para a prática clínica, e qualquer integração de estudantes em equipas ou em trabalho hospitalar tem de ter em conta este pressuposto”, realça.

Independentemente do papel dos alunos no terreno, Mar Mateus da Costa sublinha que “os estudantes de medicina devem ser, sem exceção, agentes de saúde pública” que saõ responsáveis por “veicular informação correta e de fontes fidedignas” e assumir “o sentido de dever cívico de que se tem falado”.

Artigo editado por Filipa Silva.