O boletim da situação epidemiológica em Portugal, publicado esta sexta-feira (27) de manhã pela Direção-Geral da Saúde, regista 76 mortes por Covid-19, mais 16 do que ontem.

A região Norte continua a registar o maior número de óbitos (33), seguida de Lisboa e Vale do Tejo (24), Centro (18) e Algarve (1). Alentejo, Açores e Madeira continuam sem registo de mortes.

Ao todo, faleceram 49 homens e 27 mulheres. Dos 76 óbitos, 43 ocorreram entre pessoas com mais de 80 anos. Oitenta por cento dos óbitos ocorre entre pessoas com 70 anos ou mais. Há também um primeiro registo de morte na casa dos 40 a 49 anos.

A informação diária da DGS indica ainda que o número de casos confirmados pelo novo coronavírus subiu de 3.544 para 4.268, mais 724 face a quinta-feira, o que representa um aumento percentual de 20%.

Por região, a distribuição é a seguinte: Norte (2.443); Lisboa e Vale do Tejo (1.110); Centr (520); Algarve (99); Alentejo (30); Açores (24) e Madeira (21).

Por concelho, o Porto, com 317 casos, é, esta sexta-feira, aquele que regista maior número de casos confirmados, ultrapassando Lisboa (284). Segue-se Vila Nova de Gaia (262), Maia (171) e Gondomar (149), Ovar (145), Braga (131), Coimbra (109), Valongo (108) e Matosinhos (107).

Dos 4.268 casos confirmados, 354 estão internados em unidades de saúde, 71 estão nos Cuidados Intensivos, mais dez do que no dia anterior.

Há ainda 3.995 casos a aguardar resultado laboratorial.

Pico do surto pode prolongar-se por semanas

Na conferência de imprensa desta sexta-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, indicou que o pico “não será um momento instantâneo no tempo”, mas sim “um planalto”.

Segundo a diretora-geral, “quando chegarmos ao máximo dos casos da curva andaremos, provavelmente, algumas semanas [com valores elevados]”. Adianta também que a aceleração da curva está a retardar, o que vai diferir o pico para mais tarde “nunca antes, provavelmente, do mês de maio”.

Relativamente aos lares, Graça Freitas defende que só deverão ir para o hospital “situações em que não se encontra outra solução”, ou seja, “qualquer doente ligeiro a moderado” deve permanecer em casa, mesmo que seja idoso. Sendo assim, o que determina a ida para o hospital são dois critérios: o clínico e o de habitabilidade.

A diretora-geral aconselha a criação de “estruturas comunitárias” dentro ou fora do próprio lar, que reúnam as condições de habitabilidade necessárias, “onde as pessoas [infetadas] possam ficar sob vigilância dos profissionais de saúde”. Desta maneira, os doentes estão a receber tratamento ao domicílio, e não estão “necessariamente internados”.

No entanto, apela a que sejam cumpridas as medidas de segurança do plano de contingência, para evitar o aparecimento de casos infetados nos lares.

Ainda na conferência, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, reforçou a importância de proteger a população mais vulnerável, como as vítimas de violência doméstica. Como tal, garantiu que já estão a ser tomadas medidas “para que seja possível a testagem a vítimas de violência antes da entrada em abrigos”.

Quanto aos reclusos, o secretário de Estado afirma que “houve uma suspensão precoce das visitas, com chamadas telefónicas diárias de cinco minutos como compensação. Suspensão de transferências de reclusos, isolamento em casos de entrada de novos reclusos, enfermarias de retaguarda, bem como outras medidas do plano de contingência”.

António Lacerda Sales anunciou a chegada a Portugal, esta sexta-feira, de “4.6 milhões de máscaras cirúrgicas e outros equipamentos de proteção” para os profissionais de saúde.

Acrescenta ainda que mais de 4.500 médicos responderam ao apelo da Ordem dos Médicos para “reforçar o Serviço Nacional de Saúde durante a pandemia”. O momento da chegada foi, aliás, apanhado pelo primeiro-ministro António Costa.

Ainda na conferência de imprensa, o secretário de Estado revelou que também poderá haver “um reforço e uma maior capacidade de testagem” com a realização de Diagnósticos In Vitro (IVD). Este teste reduz o tempo de espera de cinco a seis horas, para cerca de três horas.

Artigo editado por Filipa Silva

Artigo atualizado pela última vez às 15h36 de 27 de março com as declarações da conferência de imprensa do dia da DGS.