A alimentação e a gestão emocional tornaram-se ainda mais importantes para os desportistas, numa altura em que as limitações nos treinos, devido ao COVID-19, podem levar a uma perda de rendimento. Foi este o motivo que levou a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) a publicar na sua página alguns conselhos para os atletas.

Segundo a nutricionista da FPA, Mónica Sousa, em declarações à federação, ficar em casa por “longos períodos, induz uma diminuição da atividade física, assim como uma redução da demanda energética por parte dos músculos, o que culmina numa diminuição do gasto energético. Mantendo a ingestão alimentar habitual, o atleta terá tendência para aumentar de peso, sendo este aumento à custa de massa gorda, o que prejudicará a sua composição corporal”.

Como tal, a nutricionista aconselha o consumo de “alimentos ricos em antioxidantes (como frutos vermelhos e mirtilos), ácidos gordos (peixe, nozes), pré-bióticos, probióticos, vitaminas A (cenoura, ovo, queijo) e D (salmão), hidratos de carbono e proteína”.

Além disso, os desportistas devem continuar a ingerir seis refeições ao longo do dia (pequeno-almoço, meio da manhã, almoço, lanche, jantar e ceia) “sem que estejam simultaneamente a realizar outras atividades”.

Relativamente ao prato, Mónica Sousa sugere “aumentar a porção de hortícolas da refeição (metade do prato), incluindo-os tanto na sopa como no prato. Aproximadamente um quarto do prato deverá destinar-se à porção de cereais e derivados ou tubérculos (arroz, massa, batata, batata doce, quinoa, etc.). Aproximadamente um quarto do prato deverá destinar-se à porção de fornecedores proteicos da refeição (carne, pescado, ovo ou leguminosas como grão, feijão e lentilhas)”.

A nutricionista alerta para que se evitem “alimentos energicamente densos”, como bolos e chocolates, e substituí-los por “opções menos calóricas e com maior valor nutricional”, como “pão integral, iogurtes, queijo (quark por exemplo), fruta, frutos oleaginosos, papas de aveia, cevada, centeio ou outros flocos”.

De acordo com Mónica Sousa, não há alimentos ou suplementos que previnam o novo coronavírus. No entanto, defende que “um sistema imunitário otimizado será mais competente para lidar com eventuais ameaças, nomeadamente com a infeção por COVID-19”.

Sendo assim, para além dos conselhos alimentares referidos anteriormente, acrescenta que se deve “manter um bom estado de hidratação e um número de horas de sono adequado”.

Realça ainda a importância de fazer “escolhas nutricionais inteligentes e conscientes” na altura de ir às compras, a qual deve incluir os seguintes produtos: hortícolas, fruta (de preferência hortícolas e frutos de maior durabilidade como a cenoura e a maçã, ou optar pelas versões congeladas), cereais, derivados e tubérculos, laticínios, carne, pescada e ovos, óleos e gorduras (como o azeite), e leguminosas secas ou enlatadas.

Quanto à transmissão do vírus através dos alimentos, a nutricionista diz que “o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC) refere que não existe até à data evidência que indique que os alimentos, mesmo de origem animal, sejam uma fonte de contaminação por COVID-19”.

Algumas pessoas podem sentir ansiedade ou stress perante a pandemia, o que pode provocar desde “medo e preocupação” com a própria saúde e a dos outros, até “mudanças nos padrões de sono ou alimentação”, explica o Psicólogo da Equipa Multidisciplinar da FPA, João Lameiras, numa publicação no site da federação.

O psicólogo aconselha a adoção de “estratégias de autogestão” de stress, como fazer pausas no consumo de notícias sobre o surto, ter cuidado com o corpo (respirar, alongar, meditar, fazer refeições saudáveis e evitar álcool e drogas), relaxar e fazer atividades, e conectar com outras pessoas.

Caso estas táticas não sejam suficientes, e o “stress condicionar repetidamente as atividades diárias por vários dias seguidos”, João Lameira recomenda que “ligue para o seu médico”.

Para os pais e cuidadores, o psicólogo relembra a influência que têm nas crianças e adolescentes, sendo que devem lidar com “calma e confiança” e converter-se numa “fonte de melhor suporte”.

Como tal, devem conversar com os filhos, esclarecendo as dúvidas que têm sobre o Covid-19 e partilhar factos de “forma simples e compreensível”. Contudo, mais uma vez, devem limitar a “exposição da família à cobertura de notícias” visto que “as crianças podem interpretar mal o que ouvem e podem ter medo de algo que não entendem”.

A FPA lançou ainda uma lista de sugestões de livros de autores portugueses, nos quais o tema principal é o atletismo.

Artigo editado por Filipa Silva