O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, passou a realizar o “rastreio sistemático” a todos os doentes que sejam internados, seja de forma programada ou urgente. A decisão foi anunciada no passado sábado (28) e a medida entrou em vigor às 08h00 da manhã de domingo (29).

Em comunicado, o centro hospitalar explica que foi uma decisão tomada “dado o risco associado ao eventual contágio de doentes e profissionais por utentes eventualmente infetados”. “Esta decisão é excecional e terá efeitos apenas enquanto a situação epidemiológica o justificar”, como se pode ler no documento.

O CHUSJ destaca ainda que “é fundamental que os profissionais de saúde mantenham uma vigilância apertada, regular e sistemática de todos os doentes internados, no sentido de identificar precocemente quaisquer doentes” que possam estar infetados com o novo coronavírus.

Nesse sentido, foram implementadas normas de rastreio para todos os doentes internados através do serviço de urgências – à exceção das cirurgias. Segundo a instituição, a colheita deve “ser realizada em sala específica no Serviço de Urgência de Adultos e Pediátrico”.

No caso dos doentes admitidos para cirurgia através dos serviços de urgência terão também que passar pelo rastreio naquele serviço. Na impossibilidade de aguardar os resultados, “devem ser tomadas as precauções preconizadas pela UPCIRA Unidade de Prevenção e Controlo da Infeção e Resistência Antimicrobianos – para doente com suspeita de COVID-19”. No entanto, se for possível adiar a intervenção cirúrgica até os resultados serem obtidos, os doentes ficarão à espera na “enfermaria própria para o efeito” até à cirurgia.

“Nos doentes em que o resultado pré-cirúrgico seja positivo, deverão ser avaliados pelo médico assistente, com a colaboração do Serviço de Doenças Infeciosas, se indicado, para decisão clínica. A cirurgia deverá decorrer em sala específica COVID-19 do Bloco Operatório, já identificada no plano de contingência do CHUSJ, e ficarão depois da cirurgia internados em área dedicada”, explicita o comunicado.

No caso de doentes transferidos de outros hospitais, deverão igualmente ser submetidos ao rastreio caso não tenha sido realizado na instituição de origem. Os pacientes serão internados no serviço correspondente, mas ficam “fisicamente no serviço de Otorrinolaringologia, nos casos não-cirúrgicos”. Nos casos cirúrgicos podem também ser colocados em enfermaria própria para isolamento.

No que diz respeito ao internamento não-cirúrgico programado, os rastreios deverão ser feitos em Centro de Ambulatório (CAM) antes da admissão de internamento. Os utentes deverão permanecer no local enquanto aguardam os resultados.

No caso de os resultados nãos serem ainda conhecidos antes da hora de fecho do CAM, os pacientes serão internados no respetivo serviço, ficando também fisicamente no Serviço de Otorrinolaringologia.

Os doentes com cirurgias programadas devem ser internados no devido serviço, mas “ficarão fisicamente em enfermaria própria para o efeito”. Enquanto aguardam os resultados, os pacientes devem ficar sobre “precauções de contacto e gotículas”. A admissão de internamento do paciente deve decorrer nas 24 horas antes do horário da cirurgia de forma a ter o resultado do teste antes do procedimento cirúrgico.

Caso o teste se revele positivo, o procedimento é semelhante aos testes positivos pré-cirúrgicos.

No entanto o comunicado explicita que os “procedimentos cirúrgicos que forem considerados inadiáveis, em pessoas com pesquisa de SARS-CoV-2 positiva, serão realizados em sala específica COVID-19 do Bloco Operatório.”

Tratando-se de doentes admitidos para o Serviço de Medicina Intensiva que apresentem suspeitas de infeção pela COVID-19, serão transferidos para a unidade apropriada. Todavia a colheita pode ser feita na sala de emergência ou no quarto do serviço. Os pacientes admitidos para unidades especificas – como as unidades coronárias, AVC ou unidade de queimados – também serão transferidos para os serviços adequados onde será feito o teste.

No que diz respeito aos utentes mais novos, o comunicado explicita que os procedimentos em pediatria serão “semelhantes” aos dos adultos. As crianças suspeitas de estar infetadas com o novo coronavírus também dispõem de uma área reservada para aguardar os resultados.

Em casos mais específicos como os doentes de Pediatria Oncológica “devem ser internados diretamente no respetivo serviço, bem como nos doentes para Medicina Intensiva Pediátrica, onde existirá uma área especifica para a coorte de suspeitos”, lê-se no documento.

As normas prevêem ainda que as pacientes admitidas em obstetrícia pelo serviço de urgência, devem efetuar o rastreio numa sala específica.  Após o parto, caso o teste seja positivo, as doentes serão transferidas para o internamento de adultos adequado à COVID-19. Nos internamentos programados o rastreio deve também ser efetuado no CAM, 24 horas antes da intervenção.

No comunicado a unidade hospitalar garante ainda que “esta abordagem não substitui ou reduz o nível de segurança e a necessidade do uso de equipamento de proteção individual, nem as exigências em termos de práticas, que garantam a defesa dos profissionais e dos restantes utentes”.

Artigo editado por Filipa Silva.