O Presidente da República participou, esta terça-feira, no Infarmed, em Lisboa, numa reunião técnica com epidemiologistas para ajudar na tomada de decisão quanto à renovação do estado de emergência, que expira esta quinta-feira (2). No final, Marcelo Rebelo de Sousa revelou aos jornalistas que a posição de todos foi “unânime” e “impõe-se manter as medidas de contenção”.

“O passo seguinte será, naturalmente, o da posição formal do Governo em concertação com o Presidente da República, e depois a autorização da Assembleia da República”, acrescentou o chefe de Estado.

O Presidente da República reúne amanhã, quarta-feira (1), com o primeiro-ministro, António Costa, para ouvir “o parecer do Governo sobre a renovação do estado de emergência e também o que entende que podem e devem ser as medidas a adotar”, tinha já afirmado na segunda-feira.

Marcelo realçou a importância de dar “um fundamento científico e de observação da realidade reforçada” a esta decisão e referiu que é “prematuro” estar a antecipar o “conteúdo específico da renovação do decreto”, que é “essencialmente da competência do Governo”.  

Em relação à reabertura das escolas, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que no dia 7 de abril irá decorrer “uma outra reunião tendo como preocupação essencial analisar os dados no passado, nomeadamente recente, e previsões eventuais para o futuro, tendo em conta a decisão a tomar pelo Governo no dia 9 [de abril]”.

Relativamente aos testes, o Presidente da República considera relevante “saber se há ou não a confirmação do ritmo que parece ser o de crescimento de casos nestes últimos dias. Porque, a confirmar-se, estaremos num crescimento à volta dos 15%, entre os 15 e os 20%, diferente do crescimento que houve em fase anterior do estado. Se se confirmar, isso pode ter influência na antecipação daquilo que normalmente se trata por pico”, disse.

Sendo assim “a grande atenção deve concentrar-se agora na verificação dos casos diários”, para que se confirme ou não os “dados que parecem resultar da evolução destes dias”. Para já, segundo Marcelo, “tudo indica que as medidas foram acompanhadas, ou tiveram que ver com a evolução do processo da epidemia no seu crescimento”.

Além disso, o chefe de Estado adianta que “os valores podem vir a ser menos de metade em média daqueles que se verificavam na primeira fase” e “podem significar uma relação com o encerramento das escolas e com medidas de contenção já adotadas”.

Reforça ainda que “que valeu a pena, que vale a pena e que valerá a pena o esforço dos portugueses” ao cumprir as medidas definidas pelo estado de emergência, e que “importa manter a pressão na mola para que a mola não suba”.

A apresentação técnica sobre a situação epidemiológica da COVID-19 em Portugal, que ocorreu esta terça-feira, foi desenvolvida pelos epidemiologistas da Direção-Geral da Saúde (DGS), do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP).

Na sessão estiveram presentes o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro, os líderes dos partidos políticos com representação parlamentar, os líderes das confederações patronais e das estruturas sindicais e os membros do Conselho de Estado (estes últimos por videoconferência).

Artigo editado por Filipa Silva