O Porto conta com cinco projetos aprovados no âmbito do programa Widening, Horizonte 2020. O Instituto de Biologia Molecular e Celular (i3S) teve as quatro candidaturas aprovadas e a Universidade do Porto (UP) teve um projeto aprovado. O financiamento total é cerca de 9,5 milhões de euros. Foram aprovados 22 projetos a nível nacional.

O projeto Spreading Excellence and Widening Participation (Widening) visa apoiar a investigação e a inovação da União Europeia. Dentro do Widening, as candidaturas portuenses foram aprovadas nos concursos Twinning e ERA Chair.

“Os Twinning são projetos de colaboração de várias equipas, neste caso de uma investigadora nossa com outros laboratórios no estrangeiro”, explica o atual diretor do i3S, Claudio Sunkel, ao JPN. “Os ERA Chair são diferentes, os três projetos de ERA Chair são para criar condições para atrair gente de alta qualidade que venha trabalhar aqui”, continua. Cada um dos projetos aprovados no concurso ERA Chairs, vai receber cerca de 2,5 milhões. Assim, o i3S consegue reforçar e trabalhar áreas menos desenvolvidas no instituto.

Os projetos do i3S inserem-se na área de doenças do envelhecimento, de imunologia, bioengenharia molecular, e neurobiologia e doenças neurológicas, enquanto o projeto da UP se insere na área de segurança alimentar.

NCBio visa “aumentar a qualidade da ciência feita em neurociências”

Na área da neurobiologia, a ERA Chair NCBio é coordenada pela investigadora Mónica Sousa. O financiamento fornecido pela União Europeia, vai possibilitar ao i3S “atrair um grupo inteiro de investigação de excelência, de qualidade de topo a nível internacional, na área da biologia das células do sistema nervoso”, partilha a investigadora com o JPN.

A área de neurobiologia foi identificada “como uma área em que o i3S precisa de reforçar as capacidades que tem”. Mónica Sousa acredita que ao “atrair um grupo específico desta área” vão “conseguir aumentar a qualidade da ciência feita em neurociências”, no instituto, e “enriquecer diferentes grupos, que já existem no i3S, que estão a estudar algumas doenças neurodegenerativas”.

Outro objetivo do projeto é fazer “uma interface nova que junte diferentes skateholders na área das neurociências”, como “investigadores, médicos, associações de doentes que apoiaram a candidatura e indústria farmacêutica com interesse na área das neurociências”.

Imunologia já não vai estar “em falta no i3S”

Depois de uma análise das áreas dentro da imunologia que estavam “em falta no i3S”, segundo o investigador Nuno Alves, e que podiam ser integradas “noutras grandes áreas estudadas no i3S”, como a “área do cancro e a das neurociências”, surgiu o projeto ImmunoHUB.

A ERA Chair na área da imunologia tem como objetivo “recrutar uma equipa de investigação para trabalhar nas áreas emergentes que não estão consolidadas no i3S”, sendo estas subáreas da imunologia “o desenvolvimento imunológico, imunologia tumoral, inflamação ou patogénese”, explicou Nuno Alves ao JPN.

Depois do processo de recrutamento a nível internacional, a equipa com cerca de sete elementos vai escolher uma das quatro subáreas da imunologia. Durante os seis anos seguintes, vão realizar-se “seminários, workshops e cursos” para o i3S aprofundar conhecimento na área, o que também se vai refletir na comunidade académica da UP.

Bioengenharia molecular “promove diagnósticos e terapias mais avançadas”

Mário Barbosa, antigo diretor do i3S, faz parte da equipa que escreveu a candidatura do projeto MOBILIsE, a ERA Chair na área da bioengenharia molecular.

O objetivo do projeto é, “através da contratação de uma pessoa altamente cotada que possa contruir um grupo de investigação dentro do i3S, fazer ligações fortes com os grupos existentes não só na área da bioengenharia mas também na área do cancro, das doenças neurodegenerativas, da infeção e da regeneração”, explica Mário Barbosa ao JPN.

Em conjunto com outros institutos de investigação, o i3S tem cinco anos para concluir o projeto MOBILIsE, que pretende “reforçar a capacidade do i3S de promover diagnósticos e terapias mais avançados” nas áreas mais estudadas no instituto, segundo a mesma fonte.

Financiamento na área do envelhecimento permite mobilidade de investigadores a nível europeu

A única candidatura a um projeto Twinning, por parte do i3S, foi da PhasAGE. O projeto estuda a transição de fases de proteínas a nível celular e é liderado por Sandra Ribeiro. “Erros neste processo [transição de fases] podem levar a uma série de doenças, como o cancro e algumas doenças neurodegenerativas”, esclarece a investigadora. “O nosso objetivo é perceber como é que o envelhecimento das células pode levar à alteração destes processos”, acrescenta.

Durante três anos, a investigação vai contar com 900 mil euros de financiamento, o que vai permitir a realização de “congressos, cursos de formação e treino na área e estágios de curta duração nos laboratórios parceiros”, segundo a mesma fonte.

O projeto conta também com a participação da Universidade de Pádua (Itália), da Universidade Autónoma de Barcelona (Espanha) e do Instituto de Biotecnologia de Flandres (Bélgica). Investigadores dos quatro institutos envolvidos vão realizar mobilidade nos centros de investigação parceiros.

SurfSAFE procura “garantir produtos seguros e de boa qualidade”

O projeto SurfSAFE, também inserido no Twinning, tem como objetivo o aumento da “segurança microbiana na indústria alimentar”, segundo o Professor Filipe Mergulhão, responsável pelo projeto na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Outro objetivo é “aumentar a capacidade científica e tecnológica da FEUP/UP nos campos de modificação de superfície e análise de biofilmes”, segundo o investigador.

O financiamento de 900 mil euros vai permitir a promoção de “uma rede europeia líder que orienta o futuro desenvolvimento de superfícies” que reduzam “a incrustação e melhorem a capacidade de limpeza na indústria de alimentos”; o projeto tenciona “garantir produtos seguros e de boa qualidade aos consumidores”, explica ao JPN o responsável pelo SurfSAFE.

O projeto conta com a parceria da Universidade de Copenhaga (Dinamarca), a University Medical Center Groningen (Holanda) e a Manchester Metropolitan University (Reino Unido).

Artigo editado por Filipa Silva.