A 134ª edição do Torneio de Wimbledon não vai ser disputada este ano, informou esta quarta-feira (1) a organização da prova do Grand Slam.

Em causa está a pandemia provocada pelo novo coronavírus que, para além de Wimbledon, já levou ao adiamento de Roland Garros. O torneio francês, originalmente marcado para se disputar entre 24 de maio e 7 de junho, foi remarcado para se realizar entre os dias 20 de setembro e 4 de outubro.

Uma decisão polémica porque o US Open – tradicionalmente, a última prova anual do Grand Slam – já estava marcado para jogar-se de 31 de agosto a 14 de setembro, ou seja, este acaba, sensivelmente, uma semana antes. Neste momento, o terreno da prova norte-americana está a servir de hospital improvisado para os doentes infetados com a COVID-19 em Nova Iorque. Dos quatro grandes torneios, apenas o Open da Austrália foi, para já, disputado, isto ainda em janeiro.

Agora, só entre 28 de junho e 11 de julho de 2021 poderemos voltar a ver os tenistas no court do All England Club.

Financeiramente, os prejuízos vão ser menorizados, já que a prova tem um seguro que cobre o cancelamento devido a uma pandemia (assim como proteção contra ciberataques, revoltas sociais e alterações climáticas) e quem já tiver comprado bilhetes será reembolsado e terá a oportunidade de adquirir ingressos para o mesmo dia e para o mesmo court no torneio em 2021.

Com o cancelamento do mítico torneio de relva, marcado para decorrer entre 29 de junho e 12 de julho, também os outros torneios praticados no mesmo tipo de piso vão seguir o mesmo caminho, como anunciado pela Federação Internacional de Ténis (FIT) .

Estão assim cancelados, no circuito masculino, os ATP de ‘s-Hertogenbosch, na Holanda, de Estugarda e de Halle, na Alemanha, de Queen’s e de Eastbourne, na Inglaterra e o de Maiorca, em Espanha. No circuito feminino, foram canceladas as etapas de ‘s-Hertogenbosch, na Holanda, de Nottingham, Birmingham e Eastbourne, na Inglaterra, e as de Berlim e Bad Homburg na Alemanha, isto no WTA.

Até ao dia 13 de julho não haverá competições profissionais – incluindo os challengers e o circuito FIT. Este é um prolongamento da suspensão iniciada a 12 de março. Após a data, as competições mantêm-se, pelo menos para já, e posteriormente serão reavaliadas se estão ou não reunidas as condições para a realização das provas.

Face à decisão do cancelamento de Wimbledon, já vários tenistas reagiram à notícia.

Entre os portugueses, João Sousa, que na passada segunda-feira (30) completou o seu 31º aniversário, considerou esta “uma medida necessária”.

“O cancelamento de Wimbledon e a suspensão do circuito ATP até 13 de julho não são obviamente notícias que nos agradem, principalmente a nós atletas, aos fãs e pessoas envolvidas nos eventos, mas, nos tempos que estamos a viver, acredito que é uma medida necessária. Agora o importante é viver semana a semana, dia a dia”, afirmou o vimaranense à Lusa.

Também à agência Lusa, Frederico Silva e Pedro Sousa disseram já esperarem a decisão. O primeiro disse que esta “é uma notícia triste, mas compreensível” e que já estava “a contar com isso há mais tempo”. O segundo reforça que o anúncio “não apanhou ninguém de surpresa”. Ambos tinham previsto jogar a fase de qualificação do torneio inglês.

Ao nível internacional, o suíço Roger Federer, recordista na relva londrina com oito troféus conquistados (2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009, 2012, 2017), partilhou no Twitter sentir-se “devastado”. “Não há nenhum gif para estas coisas que estou a sentir”, desabafou o atleta de 38 anos.

No setor feminino, a campeã em título, a romena Simona Halep, escreveu nas redes sociais que é “triste” que Wimbledon não se realize este ano. “A final do ano passado será para sempre um dos dias mais felizes da minha vida! Mas agora estamos a passar por algo maior que o ténis, e a melhor notícia é que Wimbledon estará de volta no próximo ano. E isso significa que ainda tenho mais tempo para defender o meu título lá”, declarou a tenista com otimismo.

Também no Twitter, a americana Serena Williams, vencedora da competição por sete vezes (2002, 2003, 2009, 2010, 2012, 2015 e 2016), disse estar “chocada”.

Por fim, também para as redes sociais, Petra Kvitová, campeã em 2011 e 2014, escreveu que é um momento “definitivamente difícil” e que “não é apenas um torneio especial” para ela, “é um torneio que faz parte da história há tanto tempo que deixará um grande buraco no calendário”.

O ranking ATP, atualizado pela última vez a 16 de março, é atualmente liderado por Novak Djokovic, seguido por Rafael Nadal e Dominic Thiem. Já o ranking WTA, tem a australiana Ashleigh Barty na liderança. O português João Sousa é o número 66 da hierarquia masculina.

São já várias as grandes provas desportivas a conhecerem cancelamentos este ano. Além de Wimbledon, também o Europeu de Futebol masculino e os Jogos Olímpicos de Tóquio foram adiados para o próximo ano, em virtude da pandemia de COVID-19.

Artigo editado por Filipa Silva