As doações de sangue diminuiram em cerca de 40% no Hospital de Santo António, no Porto, desde o início do estado de emergência. O facto preocupa a unidade de saúde, que apela à dádiva e assegura ter garantidas todas as condições de segurança para quem queira doar.

As dádivas são feitas num edifício pré-fabricado, no Centro Hospitalar Universitário do Porto, completamente separado do Hospital, a que os doentes recorrem. Marika Antunes, médica na unidade hospitalar, assegura ao JPN que todos os cuidados de segurança são garantidos para evitar qualquer risco de contágio de COVID-19 aos dadores.

A última semana foi a mais crítica no Hospital de Santo António: de 35 a 40 dádivas diárias, passaram para metade, afirma Marika Antunes. A diminuição das doações é uma realidade há já quase um mês. O Hospital de Santo António, que integra o Centro Hospitalar Universitário do Porto, apela a que as pessoas continuem a doar sangue, porque os doentes continuam a precisar de tratamento.

Neste momento, para doar é necessário agendar primeiro – através do telefone (22 600 4808), ou do email ([email protected]). A medida foi tomada para evitar tempos de espera e para garantir a distância de segurança mínima. Neste sentido, “temos o cuidado de não agendar mais do que três pessoas em cada meia hora”, explica a médica do serviço de hematologia.

Como medida preventiva da COVID-19, as dádivas de sangue são feitas num edifício à parte do Hospital de Santo António, localizado nas instalações do ex-CICAP, na rua D. Manuel II. Os dadores têm entrada e lugar de estacionamento próprio. Marika Antunes garante que todos os cuidados de saúde estão a ser tomados e explica ainda que os profissionais de saúde usam máscara no atendimento. Não é obrigatório que os dadores usem luvas, mas, “é uma boa prática utilizar máscara”, acrescenta a especialista.

De momento, o Hospital de Santo António ainda não faz testes de rastreio à COVID-19 a partir do sangue destinado às doações. Só devem doar pessoas assintomáticas, que nas duas semanas antecedentes à dádiva não tenham tido qualquer tipo de contacto com casos suspeitos ou confirmados do novo coronavírus. São apenas feitos os testes obrigatórios por lei, como é o caso do HIV, da Hepatite B e C, entre outros, informa a médica.

No caso de serem profissionais de saúde a doar, as unidades de sangue resultantes são colocadas num frigorifico à parte durante 14 dias. No final desse período de tempo, a pessoa é contactada e, se ainda não tiver sintomas de COVID-19, a unidade é então disponibilizada ao hospital, elucida Marika Antunes.

300 respondem a apelo da UP

Como pedido de ajuda, a Reitoria da Universidade do Porto já enviou email a todos os estudantes e docentes da Academia a apelar às dádivas de sangue. Este pedido teve como resultado imediato cerca de 300 emails a solicitarem o agendamento de doações. Contudo, Marika Antunes alerta que os pedidos não podem ser todos agendados de imediato e para a mesma altura “se colhermos tudo agora, depois corremos o risco de não ter reservas no final de maio”.

A profissional de saúde sublinha que é necessário planear de forma racional as reservas de sangue, com o objetivo de existir sempre um stock constante de reservas sanguíneas disponíveis. Logo, se o seu agendamento não for imediato não é porque há excesso de sangue, mas sim porque é necessário gerir as reservas, acrescenta a médica.

Artigo editado por Filipa Silva