Nas últimas 24 horas, morreram mais 32 pessoas infetadas pelo novo coronavírus em Portugal, aumentando para 599 as vítimas mortais da doença no país – um crescimento de 5,6% face ao dia anterior.

Também esta quarta-feira (15), Portugal regista 18.091 casos de infeção por COVID-19, mais 643 que no dia anterior. O crescimento corresponde a uma taxa de 3,7%, segundo os dados revelados no boletim epidemiológico diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).

O número de casos recuperados sobe para 383, segundo os dados atualizados até às 23h59 de terça-feira. Este aumento de 36 recuperados surge um dia depois da maior subida anotada até ao momento desde o início da pandemia (70). Uma pessoa pode ser dada como “curada” depois de realizar dois testes com resultados negativos.

Face ao número de casos recuperados, não entraram mais doentes em internamento – 27 pessoas saíram dos hospitais, num total de 1200 internados. Destes, 208 estão em unidades de cuidados intensivos, menos 10 que na terça-feira.

O relatório desta quarta-feira revela, ainda, que 4.060 pessoas aguardam resultados de testes laboratoriais. Segundo a DGS, há 26.144 pessoas sob vigilância das autoridades sanitárias.

O boletim da DGS volta a indicar a região Norte como a mais afetada em todo o país, registando o maior número de casos globais (10.751) e de mortes (339). Segue-se Lisboa e Vale do Tejo (4.102 infetados e 111 mortos), a região Centro (2.629 infetados e 136 mortos), o Algarve (295 infetados e 9 mortos) e, por fim, o Alentejo (155 infetados e sem mortos). Os Açores e a Madeira têm 100 e 59 casos, respetivamente; nos arquipélagos, apenas os Açores registam vítimas mortais (4).

O Porto, que nos últimos dias se tornou o concelho com maior número de infetados, mantém-se como o município mais afetado pela pandemia, com 980 casos (mais 21 que ontem). Segue-se Lisboa, com 962.

A seguir à capital, três municípios do Grande Porto mantêm-se como os mais afetados: Vila Nova de Gaia (923), Matosinhos (798) e Gondomar (738).

Os dados relativos a cada um dos municípios do país correspondem a 82% dos casos confirmados e notificados através do sistema SINAVE.

A grande maioria das pessoas infetadas a receber tratamento (15.909 pessoas, 87%) estão a ser tratadas em casa. Segundo o revelado pelo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa desta quarta-feira, só 6,6% dos doentes estão internados – 5,5% em enfermaria e 1,1% em unidades de cuidados intensivos.

Taxa de mortalidade é um “indicador bom”

A idade das vítimas continua a situar-se nos moldes das últimas atualizações. Das 599 vítimas registadas até ao final desta terça-feira, 516 tinham mais de 70 anos. António Lacerda Sales situou a taxa de letalidade global da Covid-19 em 3,3%; acima dos 70 anos, é de 11,7%.

A taxa de mortalidade por 100 mil habitantes é de cerca de 5,5%. O secretário de Estado considera que se trata de “um valor inferior ao da maioria dos países da Europa“. “Estão com menor taxa a Alemanha e a Áustria. Mas, apesar de se tratarem de mortes que lamentamos, é uma taxa que é um indicador bom”, sublinha.

Tendo em conta que a maioria das vítimas tem mais de 70 anos, os idosos são um dos principais grupos de risco perante o novo coronavírus. Os lares de idosos, que concentram centenas de casos de infetados nessa faixa etária, foram uma vez mais referidos na conferência de imprensa, com António Lacerda Sales a transmitir que o Governo acredita haver um plano para “desdobrar” a capacidade destas instituições, mesmo com o cumprimento das normas da DGS.

O Governo está a “perceber se os lares podem desdobrar-se noutras estruturas locais, para separarem doentes COVID de doentes não-COVID. Depois, resta-lhes cumprir as indicações da DGS, quanto aos planos de contingência. E acredito que os lares estão a fazer um enorme esforço para garantir estas situações”, explica.

Mais testes em abril que em todo o mês de março

O secretário de Estado da Saúde confirmou que já foram realizados mais de 200 mil testes à COVID-19 em todo o país, contagem desde o dia 1 de março. Um número superior em 10 mil testes face aos dados de ontem, que continua a fazer crescer os valores de provas realizadas nesta primeira metade de abril – que, segundo as declarações da ministra da Saúde, Marta Temido, na última segunda-feira, já eram mais do que em todo o mês de março.

Sendo a região mais afetada, o Norte recebeu 45% dos kits de deteção distribuídos pelas autoridades regionais de saúde. Lisboa e Vale do Tejo recebeu 30%, com os restantes a serem distribuídos pelas restantes regiões e arquipélagos. De momento, existem cerca de “um milhão e 35 mil testes em stock e foram esta semana distribuídos mais 265 mil testes pelas cinco administrações regionais de saúde e pelas duas regiões autónomas”, garantiu António Lacerda Sales.

“Continuamos empenhados em garantir que os testes chegam onde são mais necessários e em melhorar o tempo de resposta entre a colheita e o resultado”, acrescentou, ao afirmar que “o SNS continua a garantir resposta a quem dele precisa”.

INEM pede a “confiança” dos portugueses

Os números atuais devem-se, acima de tudo, ao confinamento. Mas, segundo referido em conferência de imprensa, não deve existir um receio das pessoas em contactar o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para questões além do novo coronavírus, uma vez que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua “a garantir resposta a quem mais precisa”, refere o governante.

Presente na conferência de imprensa, o presidente do INEM, Luís Meira, reiterou às “pessoas que precisam de assistência” para que “não adiem o contacto com os serviços de saúde e do INEM”. O médico garante que “as pessoas podem e devem ter confiança no sistema de emergência médica. Devem ter confiança de que está garantida a segurança nos cuidados e nos transportes, sem serem infectadas com COVID-19″, estando os profissionais “capacitados para reduzirem ao máximo os riscos de contaminação”.

DGS está a estudar formas de reduzir medidas de contingência

Tendo em conta a evolução “moderada” dos números da COVID-19 em Portugal, observando-se um “aplanar da curva”, o sub-diretor geral da Saúde, Diogo Cruz, revelou na conferência de imprensa que a DGS está a estudar meios para suavizar as medidas de contingência aplicadas até ao momento, bem como o melhor momento para as aplicar.

Com a chegada da chamada “fase de planalto”, a revelação é a de que “as medidas tomadas foram as adequadas”, explica Diogo Cruz. “Temos estado a estudar quando e como podemos aliviar medidas. Estamos a fazer este trabalho há mais de uma semana. Quando tivermos resultados, informaremos”, explica.

Apesar do cenário aparentemente positivo, o alerta é para que continuem a existir todos os cuidados até aqui tidos, dada a possibilidade de outros picos da pandemia. “Neste momento, não sabemos se o vírus vai ter mais ou menos ondas, mas é natural que, se tiver, outras medidas possam ser tomadas. Atualmente, ainda não sabemos se vão existir novos picos, ainda que seja uma possibilidade”, refere o sub-diretor geral da Saúde.