No calendário da seleção nacional de andebol, a última sexta-feira (17) tinha um apontamento importante: marcaria o início do torneio de qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Mas, por conta da pandemia de COVID-19, nem Jogos, nem torneio acontecerão nas datas previstas.

O sonho adiado e a oportunidade de jogarem dois campeonatos em 2021 não preocupam o selecionador nacional de andebol, Paulo Jorge Pereira, que em conversa com o JPN garante: quando tiverem de voltar a jogar estarão “com a mesma ambição e fisicamente prontos para poder disputar seja o que for”.

França, Croácia, Tunísia e Portugal estariam no fim de semana de 17 a 19 de abril em Paris para disputar o acesso às Olimpiadas de Verão. A equipa portuguesa reuniu-se, mas de forma diferente: o encontro desta vez foi online, naquela que foi a primeira reunião da equipa nacional de andebol, desde o Europeu de janeiro.

“Eu vou aproveitar para passar-lhes alguns dados estatísticos daquilo que foi o nosso Europeu para termos algumas referências daquilo que temos de melhorar. E desta forma também matar algumas saudades“, conta Paulo Jorge Pereira ao JPN.

Considerado o melhor treinador do ano na 24.ª Gala da Confederação do Desporto de Portugal, o ex-aluno da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) sabe que neste momento não há muito a fazer: “Ainda esses dias eu tive uma reunião com a Federação e vários outros elementos técnicos de seleções, onde abordamos algumas possibilidades. Para já, podemos ir pensando em algumas coisas, mas é muito difícil atuar“, menciona.

Apesar de todas as incertezas, o selecionador nacional comenta que todos na equipa estão “extremamente positivos, especialmente depois do Europeu, que foi excecional“. Foi, aliás, “a melhor classificação do país” num Europeu de Andebol, evento que ocorreu entre os dias 9 e 26 de janeiro deste ano e que Portugal terminou em 6.º lugar.

Com as mudanças nas datas das competições, há a possibilidade de duas competições de peso ocorrerem no mesmo ano, em 2021: os Jogos Olímpicos e o Campeonato Mundial de Andebol Masculino, agendado para janeiro próximo no Egito. Para Paulo Pereira, dois campeonatos para o ano é “perfeitamente possível“, todavia, “uma sobrecarga que tem de ser mais pensada.”

Para chegar ao Mundial, Portugal tem ainda de se qualificar num play-off, ainda sem novas datas. É uma oportunidade que a seleção nacional espreita há 18 anos. “A última vez foi em 2003, e foi porque organizamos o Mundial em casa, senão, nem teríamos ido“, recorda o treinador. O adiamento da competição para outubro ou novembro de 2021 é uma possibilidade em que o técnico aposta.

Sobre ums possível quebra motivacional entre os atletas em torno desta crise, o antigo estudante da Universidade do Porto diz não estar preocupado: “Não me preocupo, porque sei que quando tivermos de jogar estaremos com a mesma ambição e fisicamente prontos para poder disputar seja o que for”.

O maior desafio, entende, será o calendário competitivo que venha a ser adotado em 2021. “Os jogadores precisam de períodos de recuperação para abordarem essas competições de uma forma eficaz e saudável, senão esta gente tem uma sobrecarga de jogos extraordinária. Têm de descansar”, frisa.

O selecionador da equipa de andebol masculina finaliza a conversa ao avaliar os clubes portugueses, afirmando serem “cada vez mais sérios a trabalharem“, e salienta também que a exigência para com os atletas e os bons resultados é cada vez maior.

Artigo editado por Filipa Silva