Sob o mote “De Casa para um Mundo…“, a XXI Bienal Internacional de Arte de Cerveira criou uma iniciativa que reúne artistas plásticos e escritores. O evento que engloba “exposições, conferências, debates, espetáculos, workshops” e ateliês de várias áreas, surgiu numa tentativa de “descentralização da cultura” e pretende aliar as artes visuais com à literatura.

Manuel Novaes Carvalho, autor, e Sobral Centeno, artista plástico, idealizaram o projeto – com 15 escritores e 15 artistas plásticos que vão produzir 15 obras baseadas num texto de 15 palavras – depois de declarada a pandemia de COVID-19, em março. Os resultados serão apresentados numa exposição que terá lugar de 01 de agosto a 13 de setembro deste ano, na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Cerveira, integrando o programa expositivo da XXI Bienal Internacional de Arte de Cerveira.

“De Casa para um Mundo…” é um projeto que “aparece face à situação que o país vive, por essa razão tem impacto”, conta Cabral Pinto, diretor artístico da Bienal, ao JPN. “A Bienal este ano, se tudo correr bem, terá outros projetos, se bem que este projeto será realmente de um nível a que habituou já a Bienal”, acrescenta.

O “propósito foi tornar proativo e criativo este isolamento a que ficamos reduzidos e nos afeta a todos”, diz Fátima Lambert, curadora da proposta, em comunicado. O projeto vai basear-se no “diálogo” entre “criadores que não se podem encontrar, mas que podem comunicar” através de diferentes expressões artísticas tendo por inspiração um texto, como consta no mesmo documento.

Sob o tema “Diversidade-Investigação. O Complexo Espaço da Comunicação pela Arte”, a Bienal 2020 vai juntar um total de 30 artistas agrupados em pares. Um artista plástico e um escritor, que deve redigir um texto de quinze palavras que servirá de fonte de inspiração para a obra do artista plástico. Entre os pares estão Capicua, rapper portuguesa, e Albuquerque Mendes, artista plástico e pintor natural da Guarda. Também Afonso Reis Cabral, o jovem escritor que aos 15 anos fez a sua primeira publicação, se vai juntar a Ana Fonseca, artista plástica, desenhadora e story-teller . Entre os pares estão ainda o poeta português Daniel Maia-Pinto Rodrigues que se vai unir a Ana Pérez-Quiroga, artista visual de instalações, montagem de objetos e fotografia. Um total de 15 pares de artistas portugueses.

Conhecido o projeto, conhecidos os artistas, falta descobrir o resultado final, conta o diretor artístico ao JPN. “Como eles vão trabalhar aos pares, o projeto que há de surgir dessa relação, do trabalho dos dois elementos, nós desconhecemos o que vai acontecer, o que vai surgir“.

Já quanto aos restantes projetos da 11.ª edição da Bienal de Cerveira, Cabral Santos levanta a ponta do véu: “Há um conjunto de programas que inclui a homenagem à artista Helena Almeida, que é no fundo a figura central desta Bienal. Para além do Concurso Internacional, que reduzimos o número de artistas por razões de espaço que não temos. Por isso, estamos a contar artistas convidados e artistas de concurso, à volta dos 500 artistas. É um conjunto enorme de trabalhos que vão aparecer“. O diretor artístico avança, ainda, ao JPN, que a edição 2020 vai contar também com a participação de outros países, como a Roménia e os Emirados Árabes Unidos.

Artigo editado por Filipa Silva.