Porque “um aniversário não se altera e os aniversários são sempre para se celebrar”, o Theatro Circo convidou vários artistas para celebrar, esta terça-feira, os 105 anos do espaço localizado na Avenida da Liberdade em Braga.

Da dança à música e passando ainda pela poesia, das 13 horas à meia-noite, 23 espetáculos, de meia hora cada um, vão dar cor a um dia de anos diferente porque, como explica o Theatro Circo no site oficial, “um teatro cabe sempre dentro de uma casa”, para além de que “a cultura e a arte são um bem essencial à nossa existência”.

Duarte Valadares, Mara Andrade, Valter Hugo Mãe, António Durães, Ana Moura, Rita Redshoes, Pedro Abrunhosa ou Conan Osiris são apenas alguns dos 23 artistas em cartaz. Vão todos entrar em direto nas suas páginas de Instagram no horário definido no programa.

Em declarações à agência Lusa, o diretor artístico do Theatro Circo, Paulo Brandão, considerou que o modelo de celebração pode deixar raizes para o futuro: “pode ser uma altura boa para pensarmos a questão do ‘streaming e perceber quando é que o podemos usar, mesmo em coisas futuras. De qualquer maneira, é claro para nós que não queremos perder esta ligação às pessoas”, afirmou.

A pandemia provocada pela COVID-19 também levou a que desde o dia 3 de abril e até ao final do mês toda a programação do Theatro fosse cancelada, assim como ficou suspensa a dos próximos dois meses. Paulo Brandão admitiu à agência Lusa que a retoma das atividades como acontecia antes da pandemia pode levar de um a dois anos: “Vamos reprogramar todos os espetáculos que sejam passíveis e possíveis de reprogramar este ano e no próximo ano”, isto “se a estrutura abrir este ano”, esclareceu.

Paulo Brandão antecipa também novidades: “A programação que surgir vai ser diferente e um pouco nova em relação ao que tínhamos vindo a fazer”.

E para quem ficou com vontade de visitar (ou revisitar) o espaço, já está disponível um endereço para realizar um tour virtual.

Quanto à sua história, a sala de espetáculos bracarense foi idealizada em 1906 por um grupo liderado por Artur José Soares, José António Veloso e Cândido Martins, numa época em que Braga apenas tinha o Teatro São Geraldo. A obra foi depois começada em 1911, pelo arquiteto João de Moura Coutinho e finalmente inaugurada a 21 de abril de 1915.

Guilhermina Suggia, violoncelista portuguesa, o violinista americano Isaac Stern ou o pianista polaco-americano Arthur Rubinstein foram alguns dos grandes nomes a passar pelo espaço, assim como, a título de exemplo, as Orquestras Nacionais de Florença, Madrid, Praga e Viena e ainda a Ópera de Londres.

De lá para cá, o teatro foi-se readaptando aos tempos, como na altura se comprovou com a instalação do cinema sonoro mas, no início dos anos 80, o declínio do equipamento e das suas funções aliado à concorrência das novas salas de cinema e televisão levou ao questionamento da importância do local.

Uma questão “resolvida” em 1983, ao ser classificado como Imóvel de Interesse Público.

O Theatro Circo foi ainda restaurado e requalificado, um processo iniciado em 1999 e finalizado em 27 de outubro de 2006, data marcada pela atuação da Orquestra Sinfónica Nacional Checa para comemorar a reabertura da sala.

Artigo editado por Filipa Silva