Pelo segundo dia consecutivo, há mais recuperados da COVID-19 que mortos pela doença. São agora 1.143 as pessoas recuperadas, mais 226 (25%), desde esta quarta-feira (22).

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, admitiu na conferência de imprensa diária que “se Portugal tivesse um critério menos apertado, teríamos mais recuperados”. É considerado recuperado apenas quem obtém resultado negativo em dois testes com 24 horas de intervalo, o que poderá atrasar os valores reais de recuperação.

O número de mortes subiu para 785, mais 23 (cerca de 3%) num dia. A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirma que este é o número total de mortes entre os infetados nos hospitais, mas também entre os doentes que se encontram em casa ou em lares.

No que toca às possíveis sequelas a longo prazo de doentes infetados com COVID-19 recuperados, Graça Freitas considera que “ainda temos muito pouco tempo de pandemia para concluir” se as há.

Quanto à infeção pelo novo coronavírus, Portugal registou mais 603 novos casos nas últimas 24 horas, o que perfaz um total de 21.982 infetados.

Num balanço à situação nos hospitais, o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS) regista menos 26 pacientes em internamento e menos seis nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI): estão internados 1.146 doentes, 207 das quais nas UCI. A diretora-geral da Saúde apontou que 86% dos infetados estão a recuperar em casa.

O Norte continua a ser o maior foco da infeção em Portugal e contou o maior aumento de casos e mortos face ao dia anterior: mais 344 infetados e 13 mortes, num total de 13.150 e 454, respetivamente. Segue-se a região de Lisboa e Vale do Tejo com mais 197 casos confirmados, que ultrapassam agora os cinco mil, e mais cinco mortes, num total de 138.

O Centro é a terceira região afetada, mas a segunda com maior número de mortes. Esta quarta-feira, há nota de mais 54 casos, ultrapassando os três mil, e cinco óbitos, num total de 175.

O Algarve subiu para 316 o número de infetados, mais três que no dia anterior, e nenhuma fatalidade. No Alentejo registou-se a primeira morte por COVID-19, um homem de 87 anos. A região conta com três novos casos, para um total de 176.

Nas ilhas, os números são bem mais comedidos, com mais dois infetados no arquipélago dos Açores e a Madeira a manter os 85 casos confirmados e nenhuma morte, às 24h00 desta quarta-feira.

O Porto é o distrito com mais casos registados, apesar de Lisboa ser o concelho com maior incidência, com 1.169 casos confirmados. Seguem-se os concelhos do Porto (1.102), Vila Nova de Gaia (1.066), Braga (903), Matosinhos (885), Gondomar (854), Maia (742) e Valongo (597).

Mais de um milhão de testes disponíveis

A taxa de letalidade em Portugal mantém-se nos 3,6%, anunciou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa diária da DGS desta quarta-feira, número que quase quadriplica para doentes acima dos 70 anos (13%).

Ainda na ronda dos números, o secretário de Estado garantiu que o país tem “mais de um milhão de testes em stock que serão distribuídos de acordo com as necessidades, sendo que já foram “processadas mais de 288 mil amostras” desde o mês de março. Esta quarta-feira, encontram-se à espera de resultado do teste para a COVID-19 3.219 pessoas.

António Lacerda Sales anunciou ainda que, na semana de 13 a 19 de abril, foram realizadas quase 12 mil amostras por dia nos 56 laboratórios ativos para avaliar o novo coronavírus, 30 dos quais públicos e ainda 13 privados, sendo que os restantes 13 pertencem a academias ou ao exército.

Graça Freitas, também presente na conferência de imprensa, relevou a “obrigação” do registo de casos no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE) por parte dos médicos e laboratórios.

Quando confrontada com relatos de profissionais de saúde que consideram o sistema “lento e quase obsoleto”, a diretora-geral da Saúde admitiu “intenções de melhorar” o SINAVE, que “foi construído para uma situação que não prevê tantos casos diários” e ressalvou a “resiliência e esforço” dos médicos no preenchimento dos dados essenciais ao conhecimento da pandemia. “Se queremos boa informação, temos que a reportar”, afirmou Graça Freitas.

A diretora-geral da Saúde apontou o reforço da “notificação laboratorial” ao SINAVE, a pedido da DGS, para contar também casos negativos, como razão para o aumento de 35 mil casos suspeitos entre os relatórios deste domingo e de segunda-feira (20).

SNS 24 já tem serviço de atendimento para surdos

O presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), também na conferência, anunciou um novo serviço aplicado a partir desta terça-feira (21) na linha de atendimento SNS 24 para pessoas surdas.

Luís Goes Pinheiro explicou que a linha passa a contar com seis intérpretes de linguagem gestual, disponíveis por videochamada 24 horas por dia e sete dias por semana, que farão a ponte entre os pacientes e os enfermeiros do serviço de atendimento. “Esta funcionalidade pode ser utilizada também nos hospitais e centros de saúde” e ainda em caso de isolamento profilático de doentes surdos, disse o presidente da SPMS.

O secretário de Estado da Saúde destacou este novo serviço como “um exemplo paradigmático da adaptação de resposta do SNS à pandemia”, anunciando que o serviço de atendimento tem recebido cerca de oito mil chamadas diárias – número que segue a “tendência de estabilização” desta fase de pandemia – com um tempo médio de espera inferior a um minuto.

Refugiados com COVID-19 realojados e época balnear sem data

São cerca de 800 as pessoas que estão à espera de obter estatuto de refugiado em Portugal e que se encontram alojadas em hostels em Lisboa. A diretora-geral da Saúde afirma que 138 estão infetadas, mas com “sintomatologia muitíssimo ligeira” e “bem de saúde”, tendo sido realojados na Base Aérea da Ota.

No local onde foram confirmados todos os 138 casos estariam 175 pessoas, menos dez “que deveriam estar naquele hostel“, admitiu Graça Freitas, que garantiu que essas pessoas estariam noutros locais de realojamento.

Questionado sobre uma possível data para a abertura da época balnear, o secretário de Estado da Saúde afirmou não haver ainda “nenhum cronograma específico”. Embora realçando a importância do turismo para o país, António Lacerda Sales considera que a reabertura da economia portuguesa terá que ser feita de forma “progressiva e muito cautelosa”.

A terminar a conferência, Graça Freitas esclareceu uma questão colocada a propósito de um relato de excesso de mortalidade em Portugal por parte da Escola Nacional de Saúde Pública, mesmo pondo de parte a morte por COVID-19.

A diretora-geral da Saúde garantiu que a DGS acompanha “de perto” a mortalidade registada no país e que a comparação no tempo só é feita por quinquénio, isto é, em relação à média dos cinco anos anteriores, quando foi criado o Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO).

Graça Freitas apresentou os números deste ano revelando que, em janeiro, para todas as causas e todas as idades, houve menos 689 mortes que na média dos cinco anos anteriores, e menos 580 em fevereiro, diminuição apontada ao “inverno ameno” passado. Em março e abril, e porque o sistema inclui as mortes por COVID-19, foram registados mais 542 e 1.166 óbitos, respectivamente, com maior incidência nas pessoas idosas.

Se for contabilizado o número de mortes desde o dia 1 de janeiro a 21 de abril, há registo mais 439 mortos do que a média dos últimos cinco anos. O pico da mortalidade foi atingido entre 24 de março e 4 de abril deste ano. Graça Freitas assegura que a curva “está a ser compensada” agora, aproximando-se dos valores normais.

Artigo editado por Filipa Silva