Depois de 72 edições de um dos festivais de cinema mais conceituados da indústria cinematográfica, a 73° edição do Festival de Cannes vai ser realizada totalmente online. Devido à pandemia global do novo coronavirus, que impossibilitou centenas de eventos de acontecerem, a organização de Cannes decidiu manter o festival, mesmo que este tivesse que ser realizado totalmente online.

Este ano, foram escolhidos 56 filmes para participarem na seleção oficial, entre os 2.067 que foram enviados para apreciação. É a primeira vez, desde a sua criação, que o festival recebe mais de duas mil propostas, ultrapassando por mais de 100 o número do ano passado.

Como foi mencionado na apresentação de Thierry Frémaux, diretor do festival, a crise mundial provocada pelo novo coronavirus não afetou o número de filmes enviados, nem, em geral, a produção das longas que estavam em pós-produção. Apesar de ter que modificar a forma como vão apresentar os seus filmes, Thierry Frémaux acredita que “o cinema não está morto, nem doente está.”

O festival deste ano vai, então, ser realizado totalmente online (o acesso, por inscrição, é pago), entre os dias 22 e 26 de junho. Os 56 filmes escolhidos foram divididos em categorias e não em secções competitivas, isto é, este ano não há prémios atribuídos pelo júri – Frémaux expressou, por isso, o desejo que Spike Lee, que deveria presidir ao júri este ano, volte em 2020, numa edição presencial -, apenas um selo por fazer parte da seleção oficial do festival.

O JPN correu a lista de filmes selecionados e escolheu oito dos mais aguadamos dentro da seleção oficial.

The French Dispatch”, de Wes Anderson

Wes Anderson, o realizador norte-americano conhecido pela simetria visual que imprime nas cenas dos seus filmes, regressa com a sua mais recente longa-metragem: “The French Dispatch“. Depois de “Ilha dos Cães” (2018) e do seu último filme a entrar na corrida dos Óscares, “O Grande Hotel Budapeste” (2014), é grande a expectativa para ver se o novo filme mantém a qualidade dos antecessores. Com um grande elenco, que inclui Bill Murray, Owen Wilson, Benicio del Toro, Frances McDormand, Adrien Brody, Tilda Swinton e Timothée Chalamet, “The French Dispatch” conta a história de um jornal fictício do século XX que tenta fazer uma publicação com as três maiores histórias da última década.

Lovers Rock” e “Mangrove”, de Steve McQueen

Ainda sem trailer oficial, os dois filmes são parte de uma ambiciosa antologia da BBC chamada “Small Axe“. O que inicialmente era para ser uma série, passou a ser um conjunto de filmes independentes (cinco, pelo menos) cada um a corresponder a um episódio. Segundo a cadeia britânica, são histórias “pessoais” sobre a comunidade caribenha de Londres, passadas entre os anos 60 e 80. “Mangrove” é sobre os Mangrove Nine, ativistas que protestaram contra ataques da polícia num restaurante em Notting Hill. “Lovers Rock” é um romance passado no início dos anos 80. Steve McQueen é conhecido por filmes como “12 Anos Escravo” (2013) – vencedor de três óscares -, “Vergonha” (2011) e “Fome” (2008). O realizador britânico dedicou, esta quarta-feira, os dois filmes da seleção oficial à memória de George Floyd – o norte-americano que morreu a 25 de maio sob custódia policial em Minneapolis, nos EUA – e a “todos os outros negros que foram assassinados, vistos ou não, pelo que são.”

Peninsula”, de Yeon Sang-ho

“Parasitas” venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2019. O filme do coreano Bong Joon-ho explodiu em reconhecimento, o que o levou até a ser o primeiro vencedor internacional do prémio de Melhor Filme nos Óscares, este ano. “Peninsula” é mais um filme coreano que chega à seleção oficial do festival. Trata-se de uma sequela do filme “Train to Busan que Yeon Sang-ho realizou em 2016. “Peninsula “conta a história de um grupo de soldados navais em patrulha num cenário pós-apocaliptico devastado pelo surgimento de zombies.

Ammonite”, de Francis Lee

A longa-metragem conta a história de uma caçadora de fósseis do século XIX que desenvolve uma relação afetiva com uma visitante rica. O filme que conta com Kate Winslet e Saoirse Ronan nos principais papéis é do mesmo realizador de “God’s Own Country” (2017).

Falling”, de Viggo Mortensen

O filme que marca a estreia como realizador de Viggo Mortensen (“Green Book”, “O Senhor dos Anéis”) conta a história de um pai conservador que sai da sua casa rural para ir morar com a família de filho gay em Los Angeles. Contando com a atuação do próprio, este é uma das dez “primeiras obras” que foram escolhidas para o festival.

Soul”, de Pete Docter

O primeiro filme da Pixar com um protagonista negro conta a história de um músico de jazz que acaba por separar-se da sua alma e tem que passar pela sala de espera espiritual onde as consciências estão a preparar-se para a vida na Terra.

Aya and the Witch”, de Gorô Miyazaki

Mais um lançamento do Studio Ghibli do Japão, mas desta vez o primeiro completamente em CGI. Do filho do conceituado realizador Hayao Miyazaki, Gorô Miyazaki, a história centra-se num pequeno órfão que é adotado por uma feiticeira.

Artigo editado por Filipa Silva