Em ano de centenário, o Teatro Nacional São João (TNSJ) vai recuar, momentaneamente, ao período em que deu ao cinema o palco principal – foi São João Cine entre 1932 e 1992 – para acolher a antestreia nacional do filme “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, a mais recente obra do realizador João Botelho, baseada na obra homónima de José Saramago (1922-2010).

O TNSJ será o primeiro espaço a acolher a longa-metragem, num evento agendado para as 21h00 do próximo domingo (dia 20). A presidente da Fundação José Saramago e companheira do escritor português, Pilar del Rio, vai estar na sessão, acompanhada dos atores que compõem o elenco.

A ação da história passa-se em 1936, numa época marcada pela ascenção do fascismo na Europa, pelo deflagrar da Guerra Civil em Espanha e pelo Estado Novo em Portugal. É nesse contexto histórico que Saramago imaginou o regresso a Lisboa de Ricardo Reis (interpretado por Chico Diaz) – heterónimo de Fernando Pessoa (Luís Lima Barreto) – vindo do Brasil um mês depois da morte do seu criador. Os dois hão-de conversar sobre os mais variados assuntos. Lídia (Catarina Wallenstein) e Marcenda (Victoria Guerra) são as outras personagens da história.

O romance escrito pelo Nobel português em 1984 junta-se a uma lista de adaptações literárias na filmografia de João Botelho que inclui “A Corte do Norte” (Agustina Bessa-Luís), “Filme do Desassossego” (Fernando Pessoa), “Peregrinação” (Fernão Mendes Pinto) e “Os Maias” de Eça de Queirós.

Depois da antestreia no TNSJ – os bilhetes têm um custo de 6 euros – “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, produção da Ar de Filmes em coprodução com a Fundação José Saramago, vai ser apresentado no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, nos dias 22 e 23 de setembro, chegando depois às salas de cinema nacionais.