A 21 de setembro de 2016 as portas do primeiro restaurante solidário do Porto abriram. O Centro de Apoio ao Sem-Abrigo (CASA) foi a associação escolhida para coordenar este espaço. Esta coordenação acontece em parceria com a Câmara Municipal do Porto, a Ordem do Terço e outras associações.

O JPN esteve à conversa com Pedro Pedrosa, coordenador desta associação e com Ana Salão, coordenadora dos voluntários das quartas-feiras, no dia em que estiveram presentes sete estudantes de Erasmus para ajudar nas tarefas.

De acordo com Pedro Pedrosa “ainda há coisas a melhorar”, contudo a boa qualidade do serviço que prestam é apontada como um fator que justifica o aumento da média mensal de utentes: “Recebemos em média 150 pessoas, mas essa média tem vindo a aumentar, acredito eu, pela boa qualidade do serviço que prestamos. Noto que começamos a ter gente de outras zonas do Porto que no formato antigo não apareciam”.

Ana corrobora a ideia acrescentando que “é sem dúvida uma forma muito mais digna para eles jantarem”.

Trabalho a dobrar

Com este restaurante solidário o trabalho em algumas noites redobrou. Há agora duas equipas às terças, quartas e sextas: uma realiza o trabalho de sempre e prepara as refeições que depois vão ser distribuídas por um determinado percurso nas ruas do Porto; a outra faz este novo trabalho no Restaurante Solidário.

Com esta duplicação de equipas, o número de voluntários é um fator crucial para a boa prestação dos serviços. Segundo Pedro, o número de voluntários tem-se mantido regular, contudo existem diferenças ao longo da semana que precisam de ser colmatadas.

No caso do Restaurante Solidário, para este funcionar é preciso entre 15 e 20 voluntários, mas como nem sempre é um número possível existem algumas parcerias que ajudam neste sentido. Por exemplo, o grupo de voluntários da quarta-feira tem uma parceria com o Colégio Nossa Senhora do Rosário que disponibiliza entre três a quatro docentes por semana: “São parcerias muito importantes e que por vezes nos salvam. Hoje foi um desses dias, os docentes do Rosário mais os estudantes de Erasmus caíram do céu, íamos ser apenas sete e acabamos por ser 20”, diz Ana.

O CASA conta com uma média semanal de 250 voluntários.

O antes e o agora

Quando se compara o formato antigo de distribuição com o formato do restaurante há algumas diferenças. No formato antigo era possível os utentes levarem comida em tupperwares, agora não é permitido isso acontecer. Pedro explica que “é uma tentativa que a Câmara do Porto está a testar para que o número de pessoas a comer na rua diminua”.

Outra grande diferença são as quantidades, se antes preparavam comida para uma média de 90, cem pessoas, no novo restaurante ainda não existe um número regular. “Em média, temos tido cerca de 160 pessoas. Isto em média, porque ontem por exemplo tivemos 197, há duas semanas tivemos um dia com 216, hoje tivemos 174”, conta Ana. O número insiste em não regularizar percebendo-se que o dia da semana mais concorrido é a quarta-feira e o menos movimentado tende a ser a quinta-feira.

Senhas não funcionaram

O que se revelou pouco funcional logo durante o primeiro mês foi o sistema de senhas que se pretendia implementar. Como nos explica Ana “este sistema não revelou ser muito eficaz nesta fase”. “Era um sistema por cores onde distribuíamos as senhas que tínhamos no inicio da semana de forma a que tivéssemos de 20 em 20 minutos um grupo de 29 pessoas a chegar”, prossegue.

Para os coordenadores do CASA o objetivo era fazer com que os utentes não tivessem de esperar tantas horas na fila principalmente nos dias de chuva, mas Ana realça que “acabamos por ceder nessa base, mas não quer dizer que não vá existir outro sistema mais à frente”.

O que o futuro reserva ainda é algo incerto. “Tudo o que se fizer é no sentido de melhorar as condições e a qualidade do serviço. Todas as parcerias são positivas e os voluntários são sempre bem-vindos à nossa equipa”, conclui Pedro Pedrosa.

O Restaurante Solidário funciona de segunda a domingo das 20h00 às 22h00.

Artigo editado por Filipa Silva