Foi com um meio-campo bastante ofensivo que Jorge Simão abordou o jogo frente ao Moreirense, este sábado, no Bessa. O timoneiro axadrezado não teve problemas em lançar três médios de características mais ofensivas no onze: Rochinha, David Simão e Fábio Espinho, suportados pelo capitão Idris.

Adivinhava-se uma intenção clara por parte do Boavista de conseguir ter a bola no meio-campo adversário, aproveitando a potência do ponta-de-lança Mateus e a verticalidade de Kuca – único extremo de raiz lançado no onze.

Quanto aos cónegos,  que arrancaram a partida no penúltimo lugar do campeonato e a seis pontos do Boavista, apostaram no 4-4-2 que Sérgio Vieira trouxe à equipa e que tem dado bons resultados quer na Taça da Liga, quer na Taça de Portugal (a frente híbrida Tozé-Peña tem é muito imprevisível para qualquer defesa).

O que se adivinhava no papel, não se confirmou em campo. No Boavista emergia, à frente da defesa, um duplo-pivot David Simão- Idris, que permitia que Fábio Espinho municiasse Rochinha (em trocas posicionais constantes com Mateus entre o centro e a esquerda) e dava o flanco direito a Kuca. Os axadrezados, depois de um início mais atribulado, foram assentando o seu jogo contra uma equipa do Moreirense que precisava desesperadamente de pontos.

O jogo seguia morno, apenas agitado pela força que vinha das bancadas – os adeptos do Moreirense também foram incansáveis no apoio à equipa.

A primeira real ocasião de golo foi para o Moreirense aos 12’: na sequência de um mau passe de Sparagna, Tozé trabalha à frente da área e abre na esquerda para Zizo, que obriga Vagner a boa defesa.

O lance pareceu galvanizar a equipa do Moreirense: o entendimento entre Zizo e Tozé, claramente os dois jogadores mais tecnicistas da equipa, era uma constante preocupação para a defesa axadrezada.

O ritmo de jogo foi crescendo com a partida e esta melhorou muito a partir dos 20/25 minutos: sentia-se que o golo podia surgir em qualquer uma das balizas.

Nesse período, o Boavista esteve relativamente perto de marcar por Kuca e Mateus e, do lado dos de Moreira de Cónegos um cruzamento venenoso de Rúben Lima semeou o pânico entre a defesa do Boavista.

O jogo estava bom, o empate justificava-se, mas exigiam-se golos. E eles surgiram: aos 29 minutos, Carraça, na sequência de um livre estudado e batido por Fábio Espinho, desfere um bom remate à entrada da área que não dá hipótese a Jhonatan. Tudo bem feito, 1-0 para o Boavista.

Esperava-se uma resposta por parte do Moreirense, que até aí estava a fazer um bom jogo, mas a verdade é que os cónegos sentiram o toque.

O Boavista começou a ganhar mais duelos individuais e o jogo afastou-se da baliza de Vagner. Esteve bem o meio-campo do Boavista – Idris e David Simão recuperaram muitas bolas – na gestão que fez do jogo até ao intervalo.

Controlo axadrezado

Os treinadores não trouxeram alterações para a segunda parte, mas o Boavista mostrou ao que vinha logo no primeiro minuto: grande arrancada de Rochinha, remate à entrada da área para defesa segura de Jhonatan.

O Boavista, que queria o segundo golo para selar a conquista dos três pontos, era mais agressivo e intenso que o seu adversário. Cabia ao Moreirense procurar o empate, mas os visitantes estavam claramente surpreendidos com a boa entrada dos axadrezados.

Sem ideias para ferir a pantera, o Moreirense ia, por várias vezes, sendo surpreendido no contra-ataque.

Jorge Simão procurou congelar ainda mais o jogo quando lançou Vítor Bruno (um defesa lateral adaptado a médio-ala) para o lugar do esgotado Mateus.

É verdade que o Boavista estava perigoso nas transições mas falhava no último passe e uma vantagem tangencial é sempre perigosa. Com o decorrer do jogo, o Moreirense foi acreditando que ainda era possível sair do Bessa com pontos, ainda que sem fazer muito por isso.

Nunca, até ao final do jogo, o Boavista permitiu grandes veleidades ao Moreirense: foi controlando sem forçar demasiado e sem correr riscos. Esperava-se mais do Moreirense para a segunda parte.

Os três pontos assentam bem à equipa de Jorge Simão que atinge os 16 pontos e alcança o Belenenses na sétima posição, depois dos lisboetas terem perdido em casa com Chaves por 1-0, na sexta-feira, naquele que foi o jogo de arranque da 12ª jornada.

 

“Foi uma vitória muito saborosa”

No final da partida, os treinadores consideraram o resultado ajustado com Jorge Simão a lembrar que o Boavista “já não jogava há duas semanas”, ao contrário do adversário. Jorge Simão considerou a vitória como “muito saborosa” e não quis abordar a potencial contratação de Assis, jogador do Sporting de Braga: “O Assis é um jogador de que gosto muito. Não posso dizer mais nada sobre isso”.

Sérgio Vieira, treinador do Moreirense, estava resignado no final da partida: “Em três semanas de trabalho, ainda não é possível fazer-se muito. A nossa luta é jogo a jogo e já estamos focados no próximo”.

Artigo editado por Filipa Silva