O Politécnico do Porto vai a votos, esta sexta-feira, para eleger o sucessor de Rosário Gambôa na presidência. A dirigente, no cargo desde 2010, atingiu o limite de mandatos.

Na corrida, um candidato: João Manuel Simões da Rocha, mais conhecido como João Rocha, de 54 anos, e desde 2007 a presidir à maior escola do Politécnico.

João Rocha fez licenciatura, mestrado e doutoramento na vizinha Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), mas foi no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) que chegou mais longe.

Primeiro como diretor do Departamento de Engenharia Informática, em 2005, depois como presidente do ISEP, cargo a que chegou dois anos depois.

Na sessão desta sexta-feira, a partir das 16h00, João Rocha vai tentar convencer o Conselho Geral da Instituição, constituído por 35 elementos, de que é o presidente que o Politécnico procura.

Ligação ao Futsal

O atual presidente do ISEP é uma figura conhecida do futsal português, desde os tempos em que a modalidade ainda se chamava futebol de salão. Foi treinador, árbitro e dirigente e foi nesta última categoria que mais se destacou. Na viragem do século, assumiu a coordenação de um novo Departamento de Futsal criado no seio da FPF, numa altura em que os resultados nacionais começavam a dar nas vistas (terceiro lugar no Mundial da Guatemala em 2000). Foi também delegado da UEFA e membro do painel de especialistas de futsal deste organismo internacional.

Depois de apresentar e discutir o seu programa de ação, numa audição que pode ser acompanhada em direto no site do Politécnico, o candidato vai a votos numa sessão à porta fechada, marcada para as 18h30, e em que cada elemento exerce o seu direito de voto de forma secreta.

Gestão elogiada

No topo dos elogios ao mandato que cumpriu como presidente do ISEP está a gestão. O JPN ouviu um estudante, um ex-estudante e um professor do instituto e a avaliação é unânime: o instituto teria receitas próprias na casa dos 7 ou 8% quando João Rocha entrou para a presidência; hoje essa percentagem aproxima-se dos 50%. “Isto é notável”, comenta uma das fontes ouvidas pelo JPN.

Presidentes P.Porto

Luís Soares (1985/2006)
Victor Santos (2006/2010)
Rosário Gambôa (2010/2018)

A “visão de futuro”, o perfil de líder e de gestor são também características repetidas. Dizem que pode ser difícil negociar com o engenheiro, mas reconhecem-lhe disponibilidade para o diálogo.

O ISEP mudou nos últimos dez anos, reconhecem também todos, “e muito”. Mudou na organização interna, na imagem “para dentro e para fora do instituto”, na informatização dos serviços.

A certificação de alguns cursos – com a chancela EUR-ACE e outras – é outro aspeto mencionado. Isso “permitiu que engenheiros licenciados pelo ISEP possam exercer a sua profissão tanto em Portugal como noutros países, nomeadamente nos Estados Unidos e em vários países europeus, isso é muito relevante na vida futura dos profissionais e dos estudantes”, refere o ex-estudante ao JPN.

Reconhecidas são ainda melhorias nas instalações e nos equipamentos e uma boa relação com os estudantes. “Muitas vezes os gestores institucionais têm uma visão um bocadinho corporativa da gestão institucional: muito próxima dos docentes e olham para os estudantes como alguém que só tem obrigações e não tem direitos”, refere a mesma fonte. Por oposição, João Rocha “foi alguém com quem os estudantes sempre conseguiram estabelecer um diálogo”, considera.

O grande desafio, dizem todos, será tranpor o que implementou na presidência do ISEP para um universo mais vasto e diverso. “Reforçar a unidade e identidade” de um insituto com oito escolas “com dinâmicas diferentes” não será tarefa simples.

O financiamento estatal – que tem sido alvo de duras críticas do IPP, que o considera insuficiente e desajustado à dimensão do instituto -, a internacionalização, a inovação e a investigação são aspetos também sublinhados na lista de prioridades a adotar.

Caso seja eleito esta sexta-feira, João Rocha será o quarto presidente do IPP, fundado com esta designação em 1985, mas com raízes no séculloo XIX, na então Escola Industrial do Porto. A tomada de posse está agendada para abril.