Demora cerca de dez minutos, é anónimo e destina-se aos estudantes universitários que marcaram presença na Queima das Fitas do Porto deste ano. Um questionário, desenvolvido no âmbito da tese de mestrado em Criminologia do ISMAI, pretende “ter acesso às perceções que os estudantes têm sobre a segurança versus o risco do recinto da Queima das Fitas e muito em particular no que toca às questões da violência sexual”, explica Sofia Neves, uma das orientadoras da tese ao JPN.

O questionário foi lançado esta segunda-feira e, neste momento, já foram enviadas mais de 100 respostas. “Vamos fazer a recolha nas próximas duas semanas isto porque as memórias ainda estão muito vividas”, explica Sofia Neves.

“Temos tido nos últimos anos , sobretudo, conhecimento de situações de violência sexual que ocorrem e, portanto, sentimos a necessidade de conhecer um pouco mais em pormenor esta realidade”, sublinha a docente de Catarina Vieira, estudante que está a conduzir o estudo.

O mais recente caso de alegada violência sexual em eventos do género foi avançado no último domingo, pelo Jornal de Notícias. Uma jovem de 20 anos foi encontrada desorientada e seminua no recinto das festas académicas, em Braga. A Polícia Judiciária não descarta a possibilidade de crime sexual e está a investigar.

Também no ano passado foi tornado público um vídeo que levantava a hipótese de uma rapariga ter sido vítima de abusos dentro de um dos autocarros que transportam os estudantes para o recinto da Queima do Porto.

Apesar de haver sempre o risco de “as respostas [do questionário] poderem não ser exatamente aquilo que efetivamente aconteceu”, a orientadora explica que há algumas perguntas que “permitem perceber até que ponto está ali uma narrativa verídica ou se há alguma intenção de deturpar o sentido do questionário”. Por esse motivo, as responsáveis pelo estudo acreditam conseguir “facilmente detetar esse tipo de situações”.

O questionário está a ser divulgado junto das redes sociais e, acrescenta Sofia Neves, vão também ser contactadas associações de estudantes “que estavam presentes no evento de forma a poderem circular o link para que este possa ser preenchido pelo maior número de pessoas possível”. Depois de concluído, os dados serão complementados com entrevistas presenciais e ainda com “elementos” que foram registados durante a observação.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro