Os alunos universitários de todo o país ausentam-se esta quinta-feira dos trabalhos lectivos, em jeito de luta. “Há um conjunto de situações que estão a prejudicar os interesses dos estudantes”, explica Nuno Reis, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), ao JornalismoPortoNet.

A injustiça social, ausência da participação dos estudantes na gestão das escolas, inexistência de medidas de combate ao insucesso escolar e ineficácia da nova Lei de Financiamento são as reclamações apresentadas a nível nacional.

Nuno Reis refere também os problemas específicos do Porto: insuficiência de espaços culturais e desportivos que sirvam os pólos universitários, insegurança, falta de aposta no ensino nocturno, e a baixa qualidade e quantidade de cantinas e residências. O representante dos estudantes do Porto acrescenta ainda o “funcionamento em condições degradantes” de algumas instituições do ensino superior, como o curso de Ciências da Nutrição, que é actualmente leccionado em instalações pré-fabricadas junto ao Hospital de S. João.

FAP confiante no recuo do Governo

Nuno Reis disse ao JPN que é “notória” a diferença do método de trabalho entre a actual ministra da Ciência e do Ensino Superior e o anterior responsável pelo pelouro: “esta ministra é uma lufada de ar fresco quando comparada com a intransigência e falta de repeito pelos interesses dos estudantes que o anterior ministro demonstrava”.

Agradado com a receptividade com que a ministra Maria da Graça Carvalho acolheu as propostas apresentadas pelos estudantes na manifestação da semana passada, Nuno Reis afirma que “há sinais de que irá haver recuos por parte do Governo” para irem de encontro aos interesses dos estudantes. O líder da FAP está “confiante” na mudança, mas salienta que se mantêm “razões para que os estudantes permaneçam insatisfeitos” até que as suas propostas sejam tidas em conta na elaboração dos diplomas legais que têm a ver com o ensino superior.

Ensino particular não faz greve

As associações de estudantes do ensino particular e cooperativo não aderiram à greve. No entanto, Nuno Reis referiu que “houve vários alunos do ‘privado’ que marcaram presença na manifestação de Lisboa”, na semana passada, até porque “eles também têm problemas”.

Os alunos da maioria das faculdades da Universidade do Porto estão “a levar a greve de uma forma tradicional”, através da ausência aos trabalhos lectivos. No entanto, os estudantes do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto discutem esta tarde o estado do ensino superior, com a presença do Conselho Pedagógico e do Conselho Directivo. Para Nuno Reis, “o que interessa é conseguir alterar e melhorar a política que está a ser levada a cabo”.

Manuel Jorge Bento

Foto: FAP