A Queima das Fitas do Porto arrancou na madrugada de sábado para domingo. The Fingertrips e Orishas foram os primeiros nomes a subir ao palco.

Há imagens que se mantêm iguais, mesmo quando as caras são diferentes. As filas para entrar no recinto. A ambulância a trazer rasgos de azul ao escuro da noite. A “candonga” de bilhetes, vendidos ao dobro do preço. Os copos de plástico, outrora portadores de cerveja e afins, pisados no chão. Um emaranhado de corpos a chocar entre si, com as habituais pisadelas como bónus. O excesso de álcool e outras substâncias a fazer vítimas. Mas também houve alegria, diversão, muita música, sorrisos e muito espírito académico. Queima é Queima, e a de 2004 arrancou ao ritmo da tradição.

Como o sábado de Queima é sinónimo de serenata, o primeiro concerto deste ano ficou agendado para as 00h01. Sem surpresas, houve atrasos e os portuenses The Fingertrips subiram ao palco já com o relógio a aproximar-se das 01h00. Vencedores do concurso de “Bandas de Garagem”, promovido pela Federação Académica do Porto (FAP), trouxeram o auto-denominado “ska-rock-alternativo-champanhe” a uma audiência não muito composta. O trânsito e a mencionada serenata assim o ditaram.

Em ambiente de festa, a alegria sonora jorrou por entre as muralhas de som do recinto. Muitos pulos, muitas mãos no ar, numa prestação musical pautada pela animação e ironia. Quem viu, divertiu-se. E é a diversão que estes The Fingertrips promovem, num assumir consciente do lado mais happy da música.

orishas.jpgDe Cuba, veio a fusão entre o hip-hop e os ritmos cubanos convencionais. Os Orishas viajam por um universo bem vasto, quando comparado com algumas limitações estruturais de que algumas bandas do movimento hip-hop padecem. Yotuel, Flaco-Pro, Roldan e Ruzzo mudaram-se para a Europa, vindos de Cuba, e talvez resida aí o segredo da sua abordagem inovadora às texturas músicas habitualmente associadas a Cuba e ao hip-hop. A música dos Orishas chegou ainda a arrancar passos de salsa no público.

Mais uma vez, o concerto foi marcado pela boa disposição. Houve ainda tempo para viajar por Compai Segundo, num sublinhar da proposta inovadora do som da banda.

A Queima de 2004 teve um arranque musical leve e descontraído. Bom prenúncio para o que aí vem. Só não se cumpriu o que a FAP tinha insistentemente indicado em relação ao horário de fim dos concertos. O palco da Queima sossegou às 03h30, bem para além das 02h30, tido como limite máximo.

Germano Oliveira