“Estamos numa situação de abrandamento económico, e a subida do preço do petróleo pode agravar ainda mais a situação actual”. As palavras são de João Loureiro, economista e professor na Faculdade de Economia do Porto (FEP), contactado pelo JornalismoPortoNet.

“Um aumento generalizado dos preços e subida da inflacção em todos os países” são as consequências mais imediatas de uma subida dos preços do petróleo. É esta a perspectiva do economista João Loureiro.

“Uma das implicações é a subida geral da inflação”. João Loureiro explica que, “aumentando o custo do petróleo, aumenta o custo da generalidade de todos os bens e serviços”. Isto acontece porque “tudo é transportado” e também porque “a energia é utilizada para produzir os bens”. No fundo, “a energia está presente, directa ou indirectamente, em tudo aquilo que nós consumimos”, lembra o economista da FEP.

“Um ciclo vicioso”

Além da subida de preços e consequente inflacção, poderá também registar-se um “agravamento da situação de abrandamento económico que actualmente existe”, alerta João Loureiro. Existe a possibilidade de um agravamento da recessão económica porque, explica, “se os preços sobem muito, as pessoas deixam de consumir tanto”, o que tem consequências negativas para as empresas, que “não têm forma de escoar a produção”. Por outro lado, essa quebra na produção devido ao abrandamento do consumo vai provocar um inevitável aumento das taxas de desemprego, explicou João Loureiro.

A falta de escoamento dos produtos das empresas é sinónimo de “menos lucros”, o que se reflecte no “valor das empresas” na Bolsa de Valores: menos lucros significam uma queda do preço das acções. João Loureiro classifica a situação de “ciclo vicioso”, pois “esta queda das cotações das acções tem uma outra implicação sobre o crescimento económico: é que as pessoas que compraram acções a 10 e agora a sua cotação só vale 5 são pessoas que no fundo empobreceram e que perderam parte da sua riqueza”. Isto leva a que essas pessoas deixem de ter tanto poder de compra, e volta-se ao início de todo o processo.

O JornalismoPortoNet tentou ouvir a Galp Energia, mas e empresa recusou-se a prestar quaisquer declarações sobre o assunto.

Ana Correia Costa