Quem é na verdade este gigante às portas da Europa, que brevemente pode vir a tornar-se num dos maiores estados da União Europeia?

Geografia

A Turquia situa-se na fronteira entre a Europa e a Ásia. A sua maior cidade é a mítica Istambul e une os dois continentes através do Bósforo. O país tem uma superfície de 800.000 km2, sendo banhado a sul pelo Mediterrâneo, a oeste pelo Mar Egeu, a noroeste pelo Mar de Mármara e a norte pelo Mar Negro. Apesar de estar rodeada de água praticamente por todos os lados, são as longas planícies da Anatólia e as altas montanhas a nordeste que acabaram por se tornar na sua imagem de marca. A Turquia apresenta diversos contrastes. Desde as praias do Egeu, ao monte Ararat nas montanhas a leste, onde a lenda conta que a Arca de Noé ficou encalhada, até aos rios e lagos que povoam o centro do país, não existe uma homogeneidade na paisagem turca.

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Na Turquia vivem 65 milhões de habitantes. A média populacional ronda os 27 anos e a esperança média de vida anda à volta dos 70 anos. Cerca de 30% dos turcos têm menos de 15 anos e cerca de 40% vive no campo, uma tendência que se está a alterar rapidamente. O país tem a capital em Ancara, mas a sua maior cidade e símbolo máximo é mesmo Istambul, a antiga Constantinopla, e Bizâncio, capital de Impérios. Em Istambul, vivem, aproximadamente, 10 milhões de habitantes, em Ancara 3,7 milhões, em Izmir 3,1 milhões e em Antalya 1 milhão e meio. A maioria da população é muçulmana, mas há uma presença de minorias religiosas, desde judeus até cristãos ortodoxos, católicos e protestantes.

História

A história da Turquia confunde-se com a história da Europa, mas também do continente asiático. As primeiras grandes cidades do mundo nasceram nas planícies da Anatólia no período pré-histórico. Mais tarde, era na costa oeste da Turquia que ficavam algumas das principais cidades da Grécia Antiga, incluindo a antiga cidade de Tróia, que acabaria destruída pelos exércitos gregos. Durante a Antiguidade Clássica, a Turquia estava divida em zonas bem diferentes. A costa oeste, banhada pelo Egeu, era fértil em grandes cidades de origem grega, que serviram de baluarte às conquistas de Alexandre e aos sonhos de António e Cleópatra. O interior turco pertencia a um outro mundo, influenciado pela cultura asiática que reinava na Pérsia antiga. Com a divisão do Império Romano, foi à volta de Constantinopla (depois Bizâncio e hoje Istambul) que se formou um novo império que tinha na Turquia a sua base mais forte. E assim foi até ao século XIV, altura em que o Império Bizantino começou a desmoronar-se. Foi então que chegou o poder do Islão. A tribo Otomana tomou o poder aos Seljucidas e com a conquista por Maomé II de Constantinopla em 1453 a Turquia tornou-se na peça central do Império Otomano. Durante três séculos os turcos foram-se expandindo através dos Balcãs, chegando mesmo até às portas de Viena. A Sublime Porta era a nação mais temida do mundo.

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Com o século XVIII, começou a queda do Império Otomano e a Turquia foi perdendo importância no jogo político. Depois da crise da Crimeia, a Turquia percebeu que era para sul e não para norte que estava o seu futuro. Foi por essa altura que o seu domínio sobre a Arábia se intensificou. E seria na península arábica que a 1º Guerra Mundial iria atingir a Turquia. As campanhas do mítico T.E. Lawrence ajudaram a destruir o Império Otomano e em 1923 foi instituída a República da Turquia. E foi aí que surgiu a figura de Kemal Ataturk, o presidente que revolucionou por completo o estado turco. Separou o Estado da Igreja, apostou na constituição de um Parlamento representativo e trouxe a Turquia para o mundo ocidental. Em 1949, integrou o Conselho Europeu e três anos depois tornou-se membro da NATO.
Desde 1963 que a Turquia está na lista de espera para aderir à União Europeia, mas viu a sua candidatura ser recusada sucessivamente. Com os critérios estabelecidos em Copenhaga em 1993, a candidatura turca ganhou novo vigor e em 1999 foi-lhe atribuído o estatuto de pré-candidato. Com a subida ao poder do AKP, muitos julgavam que era um passo atrás. O partido era de raiz islamita e o seu líder, Recep Erdogan, um conservador ligado fortemente ao Islão. Mas o pragmatismo de Erdogan trocou as voltas ao jogo. O seu governo aplicou uma série de medidas, que incluíram duas revisões da Constituição, para se aproximarem o mais possível dos critérios exigidos por Bruxelas. Em Outubro a comissão europeia finalmente deu um parecer positivo sobre o eventual inicio das negociações rumo à adesão entre os Vinte e Cinco e o governo de Ancara. Agora falta saber o que pensa cada um dos estados membros. Se nenhum país vetar a sugestão da comissão, a partir de meados de 2005 vai ter inicio um longo processo cujo culminar pode ser mesmo a adesão efectiva da Turquia à União Europeia.

Economia

A Turquia está longe de ser um país rico. Quase 20% da população vive abaixo do limiar da pobreza e 35% vive da agricultura. De facto o peso do sector primário na economia turca é bastante grande. 15% do Produto Nacional Bruto vem do trabalho agrícola. Os turcos são mesmo o sexto maior produtor mundial de algodão. Outros produtos cultivados como o trigo, o tabaco, e também vários frutos tornam a Turquia um pais auto-suficiente em produtos agrícolas Por sua vez a industria ocupa pouco mais de 23% do PNB, sendo que a industria têxtil é a sua coroa de glória. Mais de 70% dos produtos têxteis são exportados para fora o que faz da Turquia um dos lideres mundiais nesse campo. No interior do pais a indústria química e a prospecção mineira são igualmente áreas muito importantes e aos poucos a industria electrónica começa a encontrar o seu espaço. No entanto o ponto essencial da economia turca está no sector terciário, especialmente desenvolvido em zonas de grande densidade urbana. Mais de 60% dos turcos vive dos serviços, com o turismo a representar uma importante mais valia, especialmente na costa leste e sul do país. Por ano são mais de 10 milhões os turistas que procuram conhecer um pouco mais da realidade turca.

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Em termos de relações económicas com o resto do mundo, a verdade é que a Turquia mostra já estar intimamente ligada com a União Europeia. 51.5% das exportações turcas são feitas para países da União Europeia, enquanto que 45.5% das importações vêm igualmente dentro do espaço comunitário. Neste campo destaca-se as boas relações económicas entre a Turquia e a Grécia. No entanto o facto é que a economia turca tem ainda um longo percurso a percorrer. O défice orçamental está na ordem dos 12% do PIB e a inflação atinge níveis preocupantes, cerca de 30% por ano. Com uma taxa de desemprego à volta dos 10% e uma divida externa que ocupa 71% do PIB, a Turquia precisa urgentemente de encontrar um rumo para evitar uma queda ainda maior no fosso económico. No entanto há já sinais de uma progressiva ocidentalização dos hábitos dos turcos o que pode sempre potencializar um maior desenvolvimento económico Na Turquia já 6 milhões de pessoas são utilizadores da Internet – especialmente jovens preparados para trabalhos que exigem o uso de novas tecnologias – e já há mais de 27 milhões de telemóveis, bem mais do que linhas fixas de telefone que se encontram nos 19 milhões apenas.

Os dados

 
Turquia
População

69 milhões de habitantes

Superficie
814.578 km2 (será o maior pais da UE)

Capital
Ancara

Outras Cidades
Istambul, Izmir, Bursa, Konya, Adana

Religião
Islâmica (99%), Cristã, Judia
Moeda
Libra Turca
Presidente da República
Ahmet Necdet Sezer (eleito em 2000)
Primeiro-Ministro
Recep Tayyip Erdogan (eleito em 2002 pelo AKP)
Média de anos de vida
69,1 (1999)
Percentagem de Crescimento Populacional
48.7%
Inflação
30%
Défice Orçamental
13% do PIB
   
Miguel Lourenço Pereira