Projecto de investigação desenvolvido no hospital de S. João confirma que a concentração de gordura visceral pode contribuir para o desenvolvimento de cancros na próstata.

Os investigadores Pedro Von Hafe e Henrique Barros do hospital de S. João e da Faculdade de Medicina provaram que a gordura visceral (concentrada na zona do abdómen) pode levar ao desenvolvimento de cancro da próstata. A conclusão foi obtida através do estudo da distribuição da gordura no corpo do homem.

O projecto de investigação assentou em dois grupos de 63 homens com idades e índices de massa corporal análogos. O primeiro grupo foi construído a partir de uma selecção de vários homens onde foi diagnosticado cancro da póstrata, mas sem terem iniciado qualquer tratamento. O segundo grupo era constituído por indivíduos saudáveis escolhidos aleatoriamente.

Os investigadores realizaram vários exames de tomografia axial computorizada (TAC) para conseguirem medir a gordura visceral. As conclusões foram claras, indicando uma probabilidade 14 vezes maior de desenvolvimento da patologia nos indivíduos mais obesos.

Na origem deste fenómeno poderão estar as substancias bioquímicas produzidas pelas células adiposas que alegadamente potenciam o crescimento de tumores. Porém, não foi provada a ligação entre o nível de gordura e o grau de desenvolvimento da doença.

Impacto e preocupações internacionais

Os estudos realizados nesta área nunca tinham obtido resultados conclusivos. As conclusões dos investigadores do S. João foram publicadas na revista científica “Obesity Research” em Dezembro de 2004.

As conclusões do estudo tornam-se ainda mais pertinentes quando há uma tendência generalizada no mundo ocidental para o excesso de peso. O sedentarismo aliado a uma conduta alimentar rica em gorduras tem multiplicado os casos de obesidade, o que poderá culminar num aumento do número de casos de cancro da próstata.

Em Portugal, o cancro da próstata é já o mais comum nos homens, seguido pelo cancro do pulmão e do colorrectal.

Hugo Manuel Correia