Com já 35 álbuns editados por onde perpassam as mais recentes tendências da música electrónica – IDM, glitch, noise, digital hardcore, experimentalismo – chega-se finalmente à MiMi.
MiMi, a palavra japonesa para ouvido, pretende ser uma ponte entre dois mundos aparentemente tão anacrónicos – Portugal e Japão.

“O motivo impulsionador foi um concerto de música tradicional japonesa – aquando da comemoração dos 460 anos de amizade entre Portugal e o Japão”, conta Fernando Ferreira da MiMi.

Num emaranhado de discos portugueses e japoneses (só portugueses e japoneses!), as abordagens musicais reflectem muitos pontos em comum. “Apesar de estarmos em lados opostos do planeta sentimos muitas coisas da mesma maneira”, diz.

Por entre palavras impõem-se sons. Sobressai Biomekanikal, onde sons se forjam numa aura revolta, onde o noise e o digital hardcore se revelam.
Os trabalhos são geralmente recebidos por correio normal ou então os próprios artistas enviam um e-mail com o “link” para se fazer o download do trabalho. Como diz Fernando Ferreira, “o conhecimento da língua japonesa e a Internet ajudaram a conhecer os projectos editados pela MiMi. Quando os contacto para possíveis edições eles ficam muito agradecidos e alguns até espantados”.

Na realidade a MiMi é mais visitada por estrangeiros e principalmente japoneses. A pouco e pouco os portugueses vão despertando para o fenómeno. As netlabels são projectos caseiros, alimentados pela mera paixão pela música e, por isso mesmo, entre o criador da netlabel e as músicas que por lá passam há sempre uma complementaridade. De facto, Fernando Ferreira não esconde que a MiMi é fruto dos seus gostos musicais, que se identificam com as tendências da electrónica.

O futuro de algo que cresce todos os dias passa por acompanhar o ritmo. Entretanto a vasta oferta da MiMi já permitiu a realização de uma compilação “Give the finger to sploider’s disk” editado há algum tempo em formato tradicional. Por entre edições novas e contactos, Fernando Ferreira confessa que tem “andado a fazer experiências sonoras” . “Quem sabe se não faz parte do futuro da MiMi uma edição pessoal na netlabel”, afirma.

Mariana Teixeira Santos