Foi frente a um auditório cheio de público que o presidente do festival Black and White, Francisco Carvalho Guerra, declarou oficialmente aberto o evento. Manoel de Oliveira, presidente honorário, enviou uma mensagem, lamentando não poder estar presente. Já antes, Álvaro Barbosa, da comissão executiva, tinha assumido como principal objectivo do festival, “fazer muito com pouco”.

Muitas foram as obras enviadas para o concurso: cerca de “340 peças audiovisuais, provenientes de trinta países”. O carácter internacional do festival não passa despercebido, também, na constituição do júri, que conta com elementos de várias nacionalidades, entre os quais Ivan Maximov, um dos maiores realizadores de animação da actualidade.

Adepto dos festivais de escolas

Presente na cerimónia que antecedeu a primeira sessão competitiva, Jorge Campos, jornalista e homem ligado ao cinema, salientou a importância do facto do festival se centrar, tal como o nome indica, em trabalhos a preto e branco, comentando que “trabalhar a preto e branco permite um grau de experimentação e um nível de expressão que é fundamental para empreender depois outras aventuras”. O professor universitário confessa-se “um adepto incondicional deste tipo de iniciativa” e enaltece os eventos cinematográficos organizados por escolas e por jovens.

Competição

Na primeira sessão competitiva do festival, foram exibidos sete filmes, como o documentário bielorusso “Kola”, sobre uma aldeia onde só há idosos, exceptuando numa casa, onde vive um casal jovem e um bebé. O cinema de animação marcou presença com “Gipsy Song”, da Croácia e “Generation”, da Nova Zelândia. Os portugueses “Shapeshifter 2” e “Cacto”, este último um “videoclip” feito para a banda portuguesa Dead Combo, em estreia mundial, representaram uma vertente mais experimental. Destaque ainda para a ficção, com “Night in a hotel”, da Croácia.

Imagens reais

O estranho filme “Anaconda targets”, do americano Dominic Angerame, acabou por constituir um dos destaques da noite. De uma crueza feroz, que mostra bem a estupidificação a que a guerra conduz, a obra não é mais do que um bombardeamento no Iraque, filmado a partir de um helicóptero de guerra americano. O áudio original contém frases proferidas por soldados, que chocam os mais distraídos e os mais sensíveis.

Carlos Luís Ramalhão