Porque é que a a FFUP está dividida entre vários edifícios?

Pela exiguidade das instalações. Este edifício foi destruído parcialmente por um incêndio em 1975. Na altura, foi mais imaginado numa lógica de continuidade do que numa lógica de evolução e não se perspectivava a explosão do ensino superior que ocorreu na década de 80. Foi claramente subdimensionado para as necessidades da Universidade do Porto (UP) dentro da formação na área das ciências farmacêuticas. Desde a década de 80, que foram tentadas soluções de recurso como a construção de um edifício anexo. Foi adaptado com algumas limitações porque as salas de aula não reuniam as condições mínimas. Não havia saídas de emergência, não tinham condições sonoras mínimas.
Tentámos arranjar soluções de longo prazo e de curto prazo. A curto prazo tentámos acolher as aulas práticas e teórico-práticas noutros edifícios da UP. A longo prazo está na fase de arranque o concurso para as novas instalações.

As deslocações não dificultam em alguns aspectos os alunos?

As deslocações são de facto incómodas. Mas penso que todos, mesmo os professores, preferem ter as aulas em salas com a dignidade que merecem, do que ter as aulas no edifício anexo que não tem o mínimo de condições. Houve de princípio algum desconforto, mas rapidamente as pessoas perceberam que se ganhava imenso com a mudança para aquelas instalações.

Os alunos revelam uma óptima relação com a direcção da faculdade. A que se deve este ambiente familiar?

É normal. Desde que sou estudante, e estudei aqui, sempre me habituei a relacionar com os professores de uma forma directa. Achamos que as coisas assim funcionam bem, esta proximidade é positiva. Ser apenas um curso facilita de facto essa relação. Espero que com a mudanças de local [da faculdade] se mantenham estas relações.

Como se processa a saída dos recém-licenciados? Qual é receptividade no mercado de trabalho?

A integração no mercado de trabalho tem sido relativamente fácil. A UP e os nossos licenciados têm sido reconhecidos na sua competência e no seu valor, quer em Portugal quer no estrangeiro. Agora no futuro as coisas podem complicar-se uma vez que se passa isso em todas as profissões. A FFUP tem de se modificar e inovar uma vez que temos assistido à criação de cursos em ciências farmacêuticas em imensas instituições. Nós somos ambiciosos e queremos que os licenciados na UP sejam melhores e que possamos oferecer uma melhor formação.

A Faculdade de Farmácia está adaptada para Bolonha?

O processo de Bolonha é um processo complexo. Relativamente à licenciatura em ciências farmacêuticas, esse processo foi discutido há mais de 15 anos. Temos uma situação em que os nossos licenciados têm o reconhecimento automático pelos organismos profissionais da União Europeia. A dificuldade que foi colocada a diversas licenciaturas, mas no nosso caso não se passa pois já trabalhamos nele há muitos anos. O nosso desafio é portanto adaptarmo-nos numa plataforma ou numa base que não é rigorosamente igual às outras licenciaturas.
Temos discutido este assunto no seio da Associação Europeia das Faculdades de Farmácia, com o Grupo Farmacêutico da União Europeia. Estamos agora em diálogo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior para saber qual é a política nacional e adaptá-la de forma a que não se perca aquilo que é uma mais-valia para a educação farmacêutica em Portugal.

Pedro Gonzaga Nolasco