Espera-se para hoje, terça-feira, o anúncio do elenco governamental iraquiano. Quase três meses depois das eleições legislativas de 30 de Janeiro, a incógnita quanto ao futuro governo do Iraque permanece. Este impasse levou a Administração americana a pressionar os dirigentes curdos e xiitas com vista à rápida formação do Executivo, como adianta a edição de hoje do jornal “Público”.

O governo era já esperado ontem, mas pormenores sobre nomes de ministros e ministérios levaram ao bloqueio das negociações, como admitiu Jawad Maliki, número dois do partido xiita Dawa, em cujas fileiras também milita Ibrahim Jaafari, possível chefe de governo.

Também os sunitas mantêm exigências tidas como excessivas depois de terem apelado ao boicote das eleições de 30 de Janeiro. Dirigidos pelo vice-presidente Ghazi al-Yawar, reclamam um lugar de vice-primeiro-ministro e sete ministérios. Por outro lado, também o primeiro-ministro cessante, o xiita laico Iyad Allawi, líder da lista iraquiana, que obteve 40 dos 275 lugares no Parlamento, reivindica, pelo menos, um lugar de vice-primeiro-ministro e quatro ministérios.

Enquanto se aguarda pelo anúncio de um governo capaz de conciliar tantas vontades, Washington não desarma e responsabiliza os constantes atrasos na formação ministerial pela escalada de violência na região. Na realidade, antes das eleições gerais em Janeiro, os atentados ocorriam a uma média de 90 por dia. Este número baixou depois para cerca de 40 mas, duas semanas depois, subiu para 50, como avança hoje o Público.

Ao mesmo tempo que a Administração norte-americana espera que a formação do novo governo permita um renovar da paz na região, o Pentágono acaba de anunciar que a recente vaga de violência no Iraque mostra que os rebeldes estão mais bem organizados e com tácticas mais eficazes. Na realidade, é esta melhoria na coordenação dos ataques e as tácticas mais sofisticadas, mais do que o número de ataques em si, que preocupa o Pentágono.

Mariana Teixeira Santos