É desta forma que a presidente do Conselho Directivo da FPCEUP caracteriza a instituição. Carlinda Ferreira Alves queixa-se da falta de verbas, mas elogia a faculdade.

Carlinda Maria Ferreira Alves é presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (FPCEUP) desde Novembro de 2004. Para a professora de Ciências da Educação, a maior dificuldade de gerir uma faculdade como a de Psicologia são as escassas verbas. Para Carlinda Alves, as necessidades são muito maiores do que as verbas. Ainda assim, a presidente sublinha a união que existe entre todos dentro da faculdade.

Quais são as maiores dificuldades de gerir uma faculdade como a FPCEUP?

É gerir uma casa que precisa de muito dinheiro, mas que tem pouco. É gerir um grupo que eventualmente não tem uma cultura de grupo, ou que não tem muito uma cultura de grupo. É gerir uma instituição que é uma federação de interesses, cada um com os seus interesses. São as principais dificuldades.

Quais os problemas da faculdade que mais a preocupam?

Os principais problemas da nossa faculdade prendem-se com a falta de espaço e falta de dinheiro. Temos recursos muito diversificados, mas diversificação não corresponde a qualidade. Também não temos autonomia para tomar decisões ao nível da formação de uma equipa, não temos autonomia para premiarmos pessoas que têm um grande envolvimento com a instituição.

Foi noticiado há pouco tempo que a FPCEUP vai mudar-se para o pólo da Asprela já no próximo ano lectivo. Porquê esta mudança de instalações?

A mudança de instalações prende-se com a questão do espaço. Pensamos que agora com as novas instalações, embora continuando limitados nas questões de espaço, porque o novo edifício quando foi planeado foi projectado em termos do que existia há nove anos atrás e a evolução a partir de então foi muita, mas apesar de tudo vamos tentar que existam mais condições por forma a que continuemos com estas hipóteses de produção de conhecimento.

Como é que a mudança de instalações foi recebida na faculdade?

Quando a faculdade foi criada, funcionava no edifício das Taipas, um edifício bonito, mas antigo e com poucos recursos. A limitação de espaço fez com que a reitoria adquirisse dois andares na Rua de Ceuta e durante muitos anos a faculdade funcionou distribuída por estes dois espaços. Não havia condições de segurança no edifício das Taipas e como na altura a Faculdade de Letras, que estava aqui nestas instalações, ia mudar de edifício, mudamo-nos para cá. A partir dessa altura começou-se a projectar um outro edifício. O processo foi-se arrastando, mas neste momento está em fase terminal.

Há muitos alunos de Erasmus a estudar cá na faculdade?

Há vários.

Vêm de que países?

Vêm de vários países. Holanda, Espanha, Alemanha, Itália, Roménia. Temos vários estudantes que nos procuram. Não temos tantos alunos lá fora, por razões de ordem económica. Os subsídios para os Erasmus são muito baixos. Muitos alunos concorrem, mas depois de terem conhecimento das despesas que acarreta, desistem.

Que tipo de serviços é que a FPCEUP presta à comunidade em geral, visto que muitos professores têm uma licenciatura em psicologia?

A faculdade tem uma missão de prestação de serviços à comunidade. No grupo da psicologia existem gabinetes de consulta em campos muito distintos, desde a consulta para jovens adultos, para crianças, para orientação vocacional, para gestão de carreiras. Para as consultas vão pessoas que têm os chamados comportamentos desviantes.
Estão abertas a todas as pessoas e os preços são simbólicos, até porque a prestação desses serviços cumpre duas funções. Por um lado a prestação de serviços à comunidade, por outro lado a formação de discentes durante a sua própria licenciatura.

Na sua opinião, porque é que os alunos escolhem esta faculdade para estudar e não outra do país?

Pelo prestígio e pela qualidade e os alunos reconhecem essa qualidade, mesmo no estrangeiro. Não é por acaso que os alunos de uma determinada universidade, que às vezes vêm por um semestre, ficam aqui o resto do ano e só não ficam mais tempo porque não podem. E apesar de eu ter dito que as dificuldades da gestão de uma faculdade resultavam de tentar formar um grupo que não agia como um grupo, estava a dar-lhe uma visão muito pessimista, porque o ambiente aqui na faculdade é um clima estimulante, gratificante. Quando disse o que disse há pouco, foi apenas por uma questão de exigência, por ainda querer melhor.

Que imagem é que a sociedade em geral é que tem dos psicólogos?

Por acaso não sou a pessoa indicada para lhe falar sobre isso, porque sou de ciências da educação, mas penso que ainda há muito a ideia dos psicólogos meramente na função clínica. Não é por acaso que muita gente também procura o curso de psicologia, como segundo curso, na crença de que vai resolver os seus próprios problemas.

Andreia Ferreira