A plateia do Teatro Sá da Bandeira estava repleta. Centenas de crianças, acompanhadas pelos seus professores, acotovelavam-se à entrada da sala. A curiosidade era geral. Todos estavam expectantes com o que se iria passar no palco.

A sala respirava um ambiente marítimo. Vários projectores iluminavam a enorme cúpula do teatro em tons de azul turquesa. Um projector criava no cenário uma animação das ondas do mar, enquanto as colunas da sala reproduziam o som relaxante das ondas. Com tantos estímulos visuais, quase que se adivinhava o odor da maresia! Não havia dúvidas que estava para começar uma viagem às profundezas do Mar…

À medida que o início do espectáculo se aproximava, o borburinho dos mais pequenos parecia aumentar. Filipe La Féria, encenador e produtor, não deixou de estar presente para assegurar que todos os seus “aprendizes” conseguiriam fascinar aquela plateia de olhos curiosos e sedentos de magia.

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O encenador, como “pai” de toda uma equipa, colaborou na distribuição das crianças pela sala, e não escondia um certo nervosismo perante uma plateia tão exigente e imprevisível. Deu as indicações ao técnico de som para passar os “sinais sonoros” que dariam início ao espectáculo.

“O espectáculo vai começar. Para não prejudicar o espectáculo, agradecemos que desliguem os vossos telemóveis” – Assim indicava a voz da gravação. Pouco depois, um mundo de fantasia inundava a sala do Teatro Sá da Bandeira. Como que por magia, o borburinho desapareceu e deu lugar a um silêncio total. Os olhos e os ouvidos dos mais pequenos – perplexos e compenetrados – centravam-se agora no que se passava no palco.

“Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar”. Foi assim que a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen, na voz de Lurdes Norberto, navegou pelo mar do palco do Sá da Bandeira.

“A Menina do Mar” é um conto que faz parte do conjunto das obras de leitura obrigatória no primeiro ciclo. Nele, Sophia convida os mais pequenos a alimentarem o sonho e o mundo do imaginário, recorrendo aos ingredientes típicos da sua obra poética: o mar, a mitologia e a relação do homem com a natureza.

A “Menina do Mar” conta a história de um rapaz que vive “na casa da praia de areia branca e fina” e que conhece uma menina do tamanho da palma da mão, com cabelo feito de algas, que vive nas profundezas do oceano na companhia dos seus amigos “polvo, caranguejo e peixe”.

A passagem da “Menina do Mar” pelo Sá da Bandeira resulta do protocolo entre a Câmara do Porto e o encenador Filipe La Féria. A Câmara comprometeu-se a comprar quatro mil bilhetes para distribuir pelas escolas do 1º Ciclo do Porto, disponibilizando o transporte dos alunos.

O JPN esteve presente no dia da estreia. Falou com Filipe La Féria sobre os projectos que o trouxeram ao Porto e com Rosa Caixinha e Bruno Mendes, dois jovens talentos do elenco da peça. A “Menina do Mar” deverá estar no Sá da Bandeira até ao final do ano lectivo, com sessões para escolas de terça a sexta às 11h00 e às 15h00 e para o público em geral aos sábados e domingos às 15h00.

Diana Fontes
Hugo Manuel Correia