Os Jogos Olímpicos regressam a Londres em 2012, 64 anos depois. O anúncio foi feito pelo Comité Olímpico Internacional (COI) na manhã de quarta-feira, em Singarapura.

Londes travou uma dura batalha final com Paris, depois da eliminação das restantes três candidaturas – Moscovo, Nova Iorque e Madrid, por esta ordem.

O sucesso londrino deve-se em grande parte à acção do antigo campeão olímpico Sebastian Coe, que promoveu apaixonadamente a candidatura inglesa. “Escolham hoje Londres e vão enviar uma mensagem clara para a juventude do mundo – que os Jogos Olímpicos são para vocês”, disse Coe.

Anfitriã das Olimpíadas de 1908 e de 1948, a cidade britânica sucede a Pequim, que recebe o evento daqui a três anos. Paris, que não organizou mais o evento após a morte do pai das Olimpíadas da era moderna, Pierre de Coubertin, em 1937, vê novamente rejeitada a sua candidatura. A capital francesa foi candidata aos Jogos Olimpícos de 1992 e de 2008.

Operações de charme

Mais do que um mero evento desportivo, a candidatura aos Jogos Olímpicos é também uma luta política e económica. Para além da apresentação de um projecto credível e viável, a escolha dos vencedores está envolta numa imensa operação de charme. Nenhum dos candidatos abdica de se fazer representar pelas mais altas figuras dos diversos ramos de actividade.

Inglaterra não contou com grande apoio popular e até a Família Real conservou algum afastamento nesta fase final. Todavia, o primeiro-ministro Tony Blair revelou grande empenho na defesa da candidatura londrina e a escolha das caras que iam defender o projecto em Singapura também não foi descurada.

Sebastian Coe e a estrela do Real Madrid David Beckham foram os acompanhantes de Blair na apresentação final da candidatura ao COI. Contrariamente aos franceses, Inglaterra apostou numa campanha agressiva e até Nelson Mandela deu o seu apoio a Londres.

Apontada como favorita desde há dois anos, a representação francesa apostou na modéstia e na discrição. Ainda assim, foi notória a dedicação do presidente Jacques Chirac.

Internamente fragilizado após o referendo à Constituição Europeia, mas também desacreditado nas mais altas instâncias internacionais, Chirac voltou a sair derrotado no duelo com o primeiro-ministro inglês.

André Viana
Pedro Rios
Foto: DR