O Fantasporto 2006 quer “abrir forte e feio” e já este mês. Mário Dormisky, da organização do festival de cinema portuense, quer que a 26ª edição do “Fantas” seja tão preenchida e estendida no tempo como a última estava para ser. “Decidimos fazer aquilo que gostaríamos de ter feito no ano passado”, afirmou Dorminsky, em conferência de imprensa, quinta-feira à tarde, no Café Guarany.

“No ano passado fizemos um erro crasso: misturámos exposições, concertos, edições de livros no período do festival”. Resultado: “A única coisa que se destacou foi o festival propriamente dito”, reconhece o director do festival. Por isso, a edição deste ano, com um orçamento de cinco milhões de euros, “começa mais cedo e num momento marcante” – a Noite das Bruxas, em 31 de Outubro. Estão asseguradas as presenças dos italianos Daemonia, que estiveram na edição anterior do “Fantas”, e dos portugueses Moonspell, no Teatro Sá da Bandeira.

Antes do período de competição, de 20 de Fevereiro a 5 de Março, há uma série de actividades, como uma exposição de artes plásticas de Manu Gomez, espectáculos multimédia na Baixa da cidade, festas dedicadas às cinematografias australiana (dá o “pontapé de saída” a nível cinematográfico, no início de Novembro), sul coreana (12 a 16 de Novembro) e espanhola (17 a 25 de Novembro), um ciclo de cinema neo-zelandês (Janeiro) e uma série de projecções de filmes de terror (Fevereiro). Objectivo: “animar a Baixa do Porto”.

Já no período de competição, esta ano estreia a secção “Love Connection”, no Cinema Passos Manuel, com filmes marcados por “amores estranhos”, uma “tendência no cinema actual”, segundo Dorminsky.

A organização lamenta que o Fantas Sound só arranque em Fevereiro porque até o Teatro Sá da Bandeira está ocupado com teatro ao final do ano.

“Mexer com a Baixa”

“Apresentamos este programa para mexer com a Baixa do Porto”, afirmou Beatriz Pacheco Pereira, parceira de Dorminsky na organização. A fundadora do festival defende que tem que haver maior coordenação entre os agentes culturais e turísticos da cidade, já que, defende, “cultura é turismo e turismo tem que ter cultura”.

Mário Dormisky acrescentou que “a Baixa do Porto está desertificada” – uma “situação gravíssima em termos de cidade” – e que a programação do Fantasporto, apesar de ser “cultural”, “pretende ter uma acção política” e chamar à atenção do novo Executivo da Câmara do Porto para este problema.

Texto e foto: Pedro Rios