Eram 9h50 quando, após um telefonema para a Dinamarca, António Melro avisou: “Está tudo bem. Está vivo!”. O satélite SSETI Express, lançado às 7h52 de hoje, a partir da Rússia, dava sinais de vida quando já todos temiam o pior – era suposto ouvir-se, pelas 9h30, um qualquer “bip, bip” que indicasse que o objecto tinha entrado em órbita. Mas o SSETI permanecia mudo.

O lançamento foi acompanhado em directo na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), através de um canal de televisão por satélite da Agência Espacial Europeia (ESA).

Estudantes transportam modelo à escala do SSETI ExpressComo Portugal fica “muito distante” do ponto de lançamento, a informação não chegou à hora prevista à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), onde os alunos responsáveis pela participação da faculdade no projecto da ESA aguardavam notícias do SSETI.

Na Dinamarca, as boas novas foram pontualíssimas: o SSETI Express confirmou que estava tudo bem pelas 9h29. O alívio foi geral, e materializou-se em palmas e sorrisos rasgados nos três grandes responsáveis pelo projecto na FEUP – António Melro (coordenador), Pedro Portela e Pedro Bandeira.

Cooperação internacional

A transmissão do lançamento estava a ser acompanhada em directo pelas televisões nacionais e as felicitações pelo trabalho não tardaram a chegar: eram cerca de 10h00, e a FEUP já estava a receber telefonemas de várias pessoas que queriam dar os parabéns aos alunos envolvidos na construção do SSETI Express.

Pedro Portela foi o grande impulsionador do projecto na FEUP e, passada a angústia provocada pela mudez do SSETI, regozijava-se com o resultado alcançado. “Prova-se que é possível entrar nestes mercados com orçamento e meios reduzidos”, afirmou ao JPN.

O satélite resulta da cooperação entre uma centena de alunos de 23 universidades de nove países da Europa (como Espanha, Itália, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Suíça, Reino Unido, entre outros) ao longo de um ano.

Cada grupo de alunos ficou responsável pela concepção de uma parte do satélite e ao departamento de Engenharia Mecânica da FEUP couberam as tarefas de desenho, cálculo estrutural e configuração.

A troca de informação só foi possível através de um contacto permanente entre as equipas envolvidas: alunos e especialistas da ESA foram comunicando através da Internet.

O SSETI Express foi desenvolvido sob a alçada da ESA, que financiou o projecto, através do projecto Student Space Exploration and Technology Initiative (SSETI), criado em 2000.

Ana Correia Costa
Fotos: DR
Ana Correia Costa