No segundo dia de greve dos trabalhadores da recolha do lixo, são várias as zonas do Porto que se enchem de sacos do lixo amontoados e espalhados pelos passeios e contentores a abarrotar. O cenário é comum a toda a Baixa do Porto, desde artérias principais a ruelas.

O retrato é a consequência de uma “adesão de 100%” à greve contra a suspensão do prémio nocturno dos trabalhadores da recolha de lixo, convocada no passado domingo e que durará até quarta-feira.

Para esta quinta-feira, feriado, está também marcada uma greve às horas extraordinárias, pelo que a recolha do lixo só irá ser feita em condições normais na sexta-feira.

Rua General SilveiraNuma ronda efectuada durante a tarde de hoje, terça-feira, pela Baixa, o JPN constatou que esta zona, em particular as ruas de Bonjardim e Santa Catarina, acumula grande quantidade de lixo. Contudo, a situação ainda não é considerada muito grave para as pessoas que lá vivem.

Jardim da Cordoaria, junto ao Hospital de Santo AntónioEntre a Praça Coronel Pacheco, o Jardim da Cordoaria, a Rua Miguel Bombarda e a zona envolvente do Hospital de Santo António, são muitos os contentores do lixo que já não suportam os detritos acumulados.

Já na Avenida dos Aliados a situação era diferente: havia alguns sacos do lixo junto das portas dos cafés e lojas, mas a limpeza em redor era significativa. No mesmo local, poucos varredores encetavam esforços para “aspirar” pelo menos as folhas das árvores. No entanto, os sacos pretos cheios de folhas ficavam também eles na rua à espera da passagem da recolha do lixo.

Espera-se que nestas zonas, como noutras artérias da cidade, como Antunes Guimarães e Ramalde, local onde se situa a zona industrial e vários bairros sociais, a situação possa complicar-se.

Adesão total

João Avelino, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), um dos promotores da paralisação dos serviços, referiu ao JPN que a greve dos funcionários da recolha do lixo e da varredura nocturna regista hoje uma adesão de 100%. “Nenhum camião, cantoneiro ou motorista saiu”, frisou o dirigente.

Os trabalhadores protestam pela suspensão do seu prémio nocturno, equivalente a 20% do seu salário (entre 400 e 500 euros). “O subsídio, que recebem há 30 anos, representa 115 euros, uma quantia crucial no orçamento familiar de cada trabalhador. Foi um direito adquirido atribuido em 1987, que a Assembleia Municipal do Porto decidiu por unanimidade”, defendeu o sindicalista.

O subsídio foi criado para compensar os trabalhadores que “desenvolvem a sua actividade em condições de maior risco, penosidade e insalubridade”.

Está prevista a partir de hoje a prestação de serviços minimos de recolha de resíduos dos hospitais e dos mercados e ainda dos sacos do lixo fora dos contentores.

Texto e fotos: Pedro Sales Dias