O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, defendeu hoje, segunda-feira, durante as comemorações do centenário do nascimento do matemático português Ruy Luís Gomes, a necessidade de se investigar a história científica do século XX.

Num comunicado lido pelo reitor da Universidade do Porto (UP), Novais Barbosa, o ministro, que se encontra ausente do país, considerou que “o futuro da ciência em Portugal exige o conhecimento crítico da história recente”.

O conhecido matemático (1905-1984) com uma carreira científica “notável para a época”, foi um “empenhado” resistente anti-fascista e o primeiro reitor da UP no período pós 25 de Abril. O seu nome está ligado à história do ensino académico como uma das grandes referências do pensamento matemático em Portugal no século XX.

Comemorações marcadas por várias iniciativas

O início das comemorações contou hoje com a presença de uma centena de professores, alunos e matemáticos da UP, assim como de alguns familiares e amigos mais próximos do ilustre matemático.

A sociedade Portuguesa de Matemática fez questão de também se associar, dedicando a Ruy Luís Gomes uma edição especial do seu boletim de Dezembro, que será distribuído com um DVD, com imagens de arquivo da RTP.

Para assinalar as celebrações do seu nascimento, a UP, em conjunto com as sociedades portuguesas de Matemática e de Física, preparou um conjunto de incitativas e o lançamento de dois livros: “Ruy Luís Gomes: Uma Fotobiografia” e ainda uma compilação de dois livros escritos pelo matemático, “A Relatividade: Origem, Evolução e tendências Actuais” e “Teoria da Relatividade Restrita”.

Perseguido pela PIDE

Ruy Luís GomesRuy Luís Gomes, autor de uma obra de cariz internacional, foi um dos introdutores da Relatividade Teórica em Portugal, co-fundador do Observatório Astronómico da UP, do Centro de Estudos Matemáticos do Porto (agora Centro da Matemática da UP), da Junta de Investigação Matemática e da Sociedade Portuguesa de Matemática.

Em 1951, a actividade política do matemático levou a apresentar uma candidatura presidencial, um acontecimento que terá propiciado o seu afastamento da carreira de docente da UP. Neste período, Ruy Luís Gomes foi perseguido pelo regime fascista até ao seu exílio na América do Sul.

Após a revolução dos cravos, o matemático regressou a Portugal e foi reintegrado no lugar de professor catedrático da UP, instituição pela qual foi nomeado reitor vitalício. Ruy Luís Gomes retomou também as suas actividades políticas e presidiu ao Tribunal Cívico Humberto Delgado que julgou a PIDE.

Pedro Sales Dias
Fotos: Ordem dos Advogados/Instituto Camões