Situado na parte litoral da freguesia de Silvade, o bairro social da Marinha é um dos bairros mais problemáticos do concelho. Alvo de uma requalificação urbana recente, o bairro vê-se a braços com outra questão grave: o túnel do enterramento da linha férrea não vai abranger o bairro.

“Cercados” a oeste pelo mar, a sul pelo clube de golfe OportoClub e a norte pela antiga Fábrica de Conservas Brandão Gomes (futuro Fórum de Artes e Cultura de Espinho), os habitantes do bairro da Marinha temem que as obras na Linha Norte fechem qualquer saída do bairro.

Habitantes revoltados

Celso Feixe, 41 anos, desempregado, residente na Marinha de Silvalde, lamenta que esta zona de Espinho não venha a beneficiar da “obra do século”. ”Somos um povo à parte, pelo que vejo. Como é possível que se faça um túnel com quase um quilómetro de comprimento, e não seja possível alargá-lo por mais uns metros? Causa-me confusão”, afirma.

Outra residente na Marinha, Olinda Santos, 30 anos, empregada fabril, habitante na Marinha, considera que não há vontade política em alargar o túnel. “Parece-me claro que os políticos não se esforçam por alterar a situação. Quando foi o tempo das eleições, vieram cá, fizeram promessas e festas. E agora?”, questiona Olinda Santos, que receia que a situação do bairro piore: “Se ficarmos fechados, terei que sair daqui”..

O Movimento Pró-Enterramento da Linha Férrea na Marinha de Silvalde, mais conhecido por MOPELIM, tem sido uma das faces mais visíveis das queixas dos habitantes da Marinha. Formado por habitantes do bairro, o MOPELIM tem feito algumas sessões de esclarecimento. No entanto, como afirmou um membro do grupo ao JPN, “talvez seja tarde” porque não se vislumbra que o projecto vá mudar.

Nuno Neves