O SINTAP (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública) e o STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local) marcaram para dia 17 de Janeiro, pelas 17h00, um cordão humano que vai ligar a Câmara do Porto ao Governo Civil.

Em conferência de imprensa conjunta hoje, terça-feira, os sindicatos anunciaram a primeira das “formas imaginativas” de luta “exigindo da Câmara Municipal a reposição do prémio nocturno” dos cantoneiros do Porto, suspenso em Novembro.

José Abraão, do SINTAP, apelou “à mobilização de todos, desde trabalhadores da administração local à população”, a quem os sindicalistas presentes agradeceram pela sua “solidariedade” na luta pela reposição do subsídio nocturno.

Nova greve a ser preparada

Uma nova greve “está a ser equacionada”, de acordo com João Avelino, do STAL, estando-se apenas a aguardar o momento certo.

A haver nova greve esta vai ser de tipo “carrossel”, explicou o dirigente do sindicato afecto à CGTP, ou seja, “um dia fazem os motoristas, noutro dia fazem os cantoneiros”. O sindicalista salientou ainda que as novas formas de luta procuram “martirizar pouco a população e os trabalhadores”, relembrando que cada dia de greve é menos um dia de ordenado que os trabalhadores recebem.

Sindicatos apelam ao Governo

“Apelamos ao bom senso de todos e à boa vontade do Governo”, afirmou José Abraão, pedindo ao Governo que seja célere e que “assuma a sua responsabilidade” por não ter regulamentado a tempo o subsídio.

O dirigente do SINTAP, afecto à UGT, alertou que “este assunto tem de ser resolvido pela Assembleia da República”, alterando os diplomas que hoje existem, que “não permitem o recebimento do total do subsídio nocturno”.

João Avelino, do STAL, por seu lado, afirmou que o sindicato tem agendadas para a próxima semana reuniões com todos os grupos parlamentares da Assembleia da República.

Atitude da Câmara “tem sido persecutória”

Os sindicalistas lamentaram a atitude da Câmara do Porto, particularmente do presidente, Rui Rio, que afirmou achar injusto que os trabalhadores do Porto recebam mais do que os seus colegas do resto do país.

“Esta Câmara Municipal do Porto inaugurou uma nova forma de contactar os trabalhadores. Agora é pelas cartas”, afirmou João Avelino, que citou o exemplo de uma carta que os trabalhadores receberam no dia 2 de Janeiro da parte do vereador Lino Ferreira que incluía dois poemas, onde constava que “agora vai ser diferente”.

O sindicalista revelou que há “algumas dezenas” de casos de cantoneiros que estão a conduzir as carrinhas, fazendo o trabalho dos motoristas, o que reduz os custos da Câmara.

João Avelino afirmou que “o prémio nocturno não é pago porque a Câmara não quer pagar”.

Por seu lado, a representante da Comissão de Trabalhadores dos serviços municipais de higiene e limpeza, Benilde Caldeira, acusou a autarquia de perseguição aos trabalhadores da administração local e acrescentou que “este mal tratar dos trabalhadores dá votos, aparentemente”.

Tiago Dias
Foto: Pedro Rios/Arquivo JPN