Viajar de autocarro ou de táxi poderá ser mais caro. Os preços dos bilhetes de transportes públicos podem aumentar para fazer face à escalada do petróleo. É uma medida a ser considerada por associações de transportes.

Segundo a edição de hoje, quinta-feira, do “Correio da Manhã”, a questão já esteve em análise num encontro da ANTROP (Associação Nacional de Transportadores Rodiviários de Pesados de Passageiros) com a secretária de Estado dos Transportes.

O último aumento nos transportes públicos decorreu em Novembro de 2005, e siginificou uma subida média de 3,98% no custo dos bilhetes. No entanto, os transportadores têm vindo a reivindicar a autonomia no que toca à actualização dos preços dos bilhetes sem o aval prévio do Governo.

Em declarações ao JPN, o presidente da ANTROP afirma que a posição da associação relativamente ao aumento dos bilhetes é muito “clara”: “se o aumento dos combustíveis persistir a este ritmo levará à necessidade de introdução de mecanismos no sistema que corrijam estes efeitos preversos”. “Os combustíveis representam cerca de 36% dos custos das empresas transportadoras”, sustenta.

Álvaro Teixeira acredita que a evolução “abrupta e continuada [do preço dos combustíveis] deve levar a uma correcção do sistema e uma das medidas que pode ser tomada é a revisão das tarifas”. Mas acrecenta: “a actualização do tarifário é sempre uma questão complexa que tem vários efeitos”.

“É importante perceber que sem empresas equilibradas também não há transportes. Se existe um factor de desiquílibrio, tem de haver mecanismos que façam o reliquílibrio do sistema”, conclui o presidente da ANTROP.

Tarifas dos táxis vão aumentar

Também José Monteiro da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), diz, ao JPN, que “o aumento das tarifas dos táxis infelizmente é um mal necessário”. “Mas nós sabemos que os aumentos sucessivos não resolvem os problemas dos transportes”, acrecenta.

A ANTRAL responsabiliza o Governo pela necessidade dos taxistas tomarem esta medida, alegando falta de “contrapartidas governamentais”, como o uso de gasóleo profissional.

José Monteiro alega que não se pode trabalhar com prejuízos: “para isso encerram-se os táxis, param-se os transportes”. “Temos de ter rentabilidade para poder ter uma frota de táxis com condições de exploração e de utilização por parte do público”, elabora.

Questionado sobre a perda de clientes dos taxistas devido ao preço das tarifas, José Monteiro afirma que muitos taxistas já “encostaram os táxis e foram para outras actividades”. “Ainda não está a acontecer nas grandes cidades”, acrescenta.

“As autarquias têm de se auto-responsabilizar porque a legislação permitiu o aumento desmesurado dos contingentes dos táxis. As próprias câmaras devem fazer – como já aconteceu em Espanha – a retirada de licenças através de indemnizações compensatórias [aos taxistas]”, defende.

Gina Macedo
Foto: CMP